"A criação de uma agência de notação de crédito em África não para substituir as agências de notação de crédito mundiais. Mas as agências de notação de primeira classe dão o diagnóstico da situação e aqui está uma segunda opinião", afirmou Adesina, na apresentação do relatório do BAD sobre perspetivas económicas africanas para 2024, em Nairobi, durante os encontros anuais da instituição.
De acordo com o relatório, a média dos pagamentos do serviço da dívida nos países africanos cresceu de 12,7% no período de 2020 a 2022, face a 8,4% de 2015 a 2019 e só este ano o serviço da dívida, custo que resulta também da notação das agências, representa 74 mil milhões de dólares (68,5 mil milhões de euros), quando em 2010 ascendia a 17 mil milhões de dólares.
"É importante a necessidade de analisarmos a forma como os países africanos são classificados pelas agências de notação de crédito", sublinhou Adesina, acrescentando que os estudos demonstram a necessidade de tratar os países africanos de forma justa.
O Grupo BAD é a maior instituição financeira de desenvolvimento de África e está classificada com uma notação AAA pelas agências de rating, a única no continente.
O grupo está reunido em Nairobi, até sexta-feira, para debater "A Transformação de África, o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento e a Reforma da Arquitetura Financeira Global", com a presença de 3.000 participantes, entre políticos, governantes, economistas e especialistas de várias áreas, de todo o mundo.
Estes encontros incluem a 59.ª Reunião Anual do Conselho de Governadores do Banco Africano de Desenvolvimento e a 50.ª Reunião do Conselho de Governadores do Fundo Africano de Desenvolvimento, decorrendo no Centro Internacional de Conferências Kenyatta, em Nairobi.
O Grupo BAD conta com 81 Estados-membros, entre 53 países africanos e 28 países fora do continente, incluindo Portugal e Brasil.
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