"Este é basicamente um conceito em que as empresas que poluem em alguma parte do mundo podem comprar créditos de carbono a lugares onde as pessoas têm meios para plantar árvores e Timor-Leste tem", afirmou em entrevista à Lusa o diplomata.
A ideia visa incentivar os agricultores a práticas agrícolas que permitam a captura de carbono da atmosfera, que passam pela plantação de árvores ou sebes, cultivo de leguminosas e até pela florestação ou reflorestação, recebendo depois os "créditos" pelo carbono que deixou de ser emitido.
"Os agricultores aqui em Timor obtêm pequenos montantes por plantar árvores e cuidar delas aos longo dos anos, documentando que aquelas árvores ainda lá estão e a crescer", explicou Marc Fiedrich.
Para o embaixador, a agricultura de carbono é um "importante incentivo" para o país para que os "agricultores plantem árvores" e para que "Timor-Leste permaneça um dos países onde o desmatamento não é o principal problema".
Marc Fiedrich referia-se ao projeto de Assistência Técnica de Apoio à Agricultura de Carbono, que visa desenvolver as capacidades das autoridades e privados para aceder ao mercado internacional do carbono, para aumentar a resiliência às alterações climáticas, mas também os rendimentos dos pequenos agricultores.
O diplomata destacou, também, que pode haver novidades para o setor do café, principal produto de exportação do país, sem contar com o petróleo e com o gás, pela forma como é produzido.
Segundo o embaixador, Timor-Leste deverá conseguir cumprir a nova regulamentação europeia sobre desmatamento, na qual basicamente a União Europeia quer garantir que os produtos agrícolas que entram no seu espaço são produzidos de forma que não levem ao corte de árvores.
"Aqui, em Timor-Leste, seremos capazes de cumprir essa regulamentação sem muitas dificuldades, pois muitos agricultores já produzem de maneira, que podem documentar, que não há impacto nas florestas", salientou Marc Fiedrich.
O café de Timor-Leste é considerado um dos mais sustentáveis do mundo, não só devido ao clima do país e às características do solo, mas também porque cresce debaixo de um coberto florestal.
O embaixador destacou também que a União Europeia é "realmente parceiro" de Timor-Leste na abordagem à mudança climática, salientando que o país é muito ativo nas negociações internacionais e fala em nome dos países menos desenvolvidos e dos pequenos estados insulares.
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