O primeiro-ministro assumiu esta posição em resposta à líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, no debate quinzenal no parlamento sobre a disponibilidade do Governo para alargar a experiência da semana de quatro dias aos trabalhadores de todo o país, incluindo do setor público, após a divulgação de o relatório final sobre o projeto-piloto desta tipologia de semana de trabalho.
"Como escrevem os autores do relatório, a questão a colocar vai deixar de ser 'devemos ou não implementar a semana de quatro dias', para passar a ser 'a semana de quatro dias é ou não um objetivo desejado, promissor e mobilizador'. E deixo-lhe esta pergunta: é ou não um objetivo desejado, promissor e mobilizador?", questionou a deputado do Livre.
Luís Montenegro afirmou que tem acompanhado esta questão "com atenção", afirmando que não tem dúvidas das mais-valias e vantagens da implementação deste sistema e admitiu a possibilidade de ser aplicado na administração pública.
"A questão de o fazermos na Administração Pública é uma boa questão, é uma questão que eu não lhe vou conseguir responder já, mas também lhe vou dizer que não excluo. Porventura, com a manutenção da carga horária semanal", afirmou o líder do Governo.
O primeiro-ministro sublinhou que a manutenção da carga horária é "um caminho mais fácil do ponto de vista da gestão dos recursos humanos do que aquele outro que é fazer acontecer uma medida destas e diminuir simultaneamente a carga horária".
Montenegro defendeu que esta pode ser uma via para inverter a dificuldade em reter trabalhadores na administração pública: "Essa é uma questão muito, muito sensível na nossa administração pública e, como eu também já disse neste debate a propósito de outras questões, nós também na administração pública estamos com dificuldade em atrair e reter recursos humanos.
Defendeu que é preciso realismo na abordagem deste tema e disse acreditar "que é possível fazer algum alargamento das experiências em empresas que estejam disponíveis" e "cuja atividade é conciliável e compatível com esta alteração".
Lembrou, porém, que esta experiência pode dificultar a atração de investimento e a competitividade do país.
"Neste momento, com os desafios económicos que nós temos de fazer crescer a nossa economia, de atrair investimento, sermos competitivos, será muito difícil, acho eu, compatibilizar com muitos daqueles que poderão ser os nossos potenciais investidores", acrescentou.
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