"O `lay-off´ é uma ferramenta muito lesiva para o trabalhador, extremamente lesiva. Se a Volkswagen/Autoeuropa vai voltar a recorrer ao `lay-off´ mais à frente, não sabemos, mas há aqui um risco muito grande e nós tememos esse risco", disse Rui Nunes, do SINDEL, durante uma audição na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão da Assembleia da República.
"Esperemos que isso nunca aconteça. E que não aconteça nem com a Volkswagen/Autoeuropa nem com todas as outras empresas. Esperemos que haja sempre diálogo para se poder avançar, para que o `lay-off 'não seja utilizado de forma recorrente", acrescentou o sindicalista, defendendo que também cabe aos deputados evitarem eventuais situações de recurso abusivo de uma lei muito penalizadora dos trabalhadores
O SINDEL foi hoje ouvido na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, tal como a Comissão de Trabalhadores da Volkswagen Autoeuropa e o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITESUL), na sequência de um requerimento do PCP sobre as consequências do lay-off junto dos trabalhadores da empresa e das empresas fornecedoras.
Questionado sobre a avaliação do sindicato quanto à legalidade do recurso ao `lay-off´ pela Autoeuropa, Rui Nunes considerou que não cabe ao sindicato questionar o cumprimento da lei do `lay-off, mas "assegurar que não haja atropelos".
Por outro lado, prometeu uma intervenção ativa do sindicato nesse sentido, para que não haja atropelos, junto do Ministério do Trabalho e da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), entidade que na opinião do sindicalista, deve ter uma "intervenção ostensiva para verificar se estão a ser cumpridos todos os requisitos durante os períodos de `lay-off´ em cada empresa".
A fábrica da Autoeuropa, em Palmela, no distrito de Setúbal, decidiu aplicar o regime de `lay-off´ a 3.742 dos 4.900 trabalhadores da empresa num período de oito dias no mês de junho e de 13 dias no mês de julho, no âmbito de um processo de descarbonização e alterações tecnológicas de infraestruturas da fábrica, que são necessárias para a produção de novos modelos de automóveis.
Em negociação prévia com a Comissão de Trabalhadores, a Autoeuropa comprometeu-se a pagar, na íntegra, o salário e o subsídio de turno a todos os trabalhadores durante a aplicação do regime de `lay-off´.
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