Sobre o pacote "Acelerar a Economia" lançado pelo Ministério da Economia, Nuno Terras Marques prefere não entrar em detalhes, mas defende que "todas as medidas que são tomadas para dinamizar a economia são naturalmente relevantes".
"Aquilo que nós temos visto - e que eu tenho visto enquanto gestor - das preocupações atuais do Governo é [...] ter dinamismo e lançar uma série de medidas que claramente vão no sentido certo, que é no sentido de redução da carga fiscal, seja ao nível de trabalho, seja a nível das empresas", sublinha.
Ou seja, "para de alguma forma reduzir a enorme carga fiscal, quer que as empresas suportam, quer que as pessoas em si suportam".
As medidas que estão a aplicadas para acelerar a economia "vão tendencialmente ajudar a que o ambiente e a confiança seja cada vez maior no sentido de dinamizar os negócios", refere.
Assim, "tudo o que vá nesse sentido naturalmente aplaudo enquanto gestor e enquanto português", sublinha o presidente executivo da Vista Alegre, grupo que cumpre 200 anos.
"Portugal tem que fazer mais para crescer, Portugal tem que fazer mais para que as empresas cresçam como um todo, tenham escala, tenham capacidade para investir", defende, lamentando que exista "um Estado que tem tanto peso e absorve tanta riqueza" por via de impostos, o que "é sempre demasiado penoso" para haver capacidade excedentária para investir no crescimento.
"Agora vamos ver o efeito das mesmas, a colocação em prática das mesmas, porque uma coisa é o plano, outra coisa execução", conclui sobre o tema.
Já sobre o que falta à indústria portuguesa, Nuno Terras Marques elenca dois: marca e escala.
"Enquanto gestor há duas coisas que fazem claramente muita falta à indústria portuguesa: uma é a marca", porque "temos muito boa indústria em Portugal, eficiente, altamente competitiva e muitíssimo concorrencial, mas não tem marca".
E "esse é um grande problema, ao não terem marca ou não apostarem na sua própria marca ou não crescerem com sua própria marca e não terem essa notoriedade e credibilidade nacional e internacional da marca coloca-as sempre numa posição muito mais débil, muito mais em forçadas àquilo que o mercado pode fazer delas", refere o gestor.
"Acho que esse é um problema da indústria portuguesa: não ter marcas fortes credíveis, com notoriedade, não apenas em Portugal, mas lá fora", insiste.
Em segundo lugar, "a escala", que "é bastante importante para a indústria", para ter a capacidade de investir, de continuar a investir em investigação e desenvolvimento, para estar "claramente sempre na linha da frente".
Ora, "quando não se tem escala todos estes investimentos são sempre muito mais difíceis de executar, uma empresa que não esteja sempre constantemente focada em crescer, em ter escala na sua própria marca e preocupada como é que vai evoluir no futuro [...], poderá "não singrar no futuro", argumenta.
Em suma, "um dos fatores de longevidade da Vista Alegre é ter a sua própria marca, a sua marca forte, credível [...]" e "ter escala para conseguir continuar a investir na inovação e desenvolvimento", remata o gestor.
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