O grupo está a considerar despedir metade do departamento de serviços de auditoria financeira na China e cerca de 20% do pessoal noutras áreas da divisão chinesa, noticiou o jornal The Paper, com sede em Xangai.
"Devido às mudanças nas condições externas, otimizámos a estrutura organizacional com base na procura do mercado (...) Este ajustamento é uma decisão difícil", declarou um porta-voz da empresa, citado pelo jornal.
"Estamos em plena comunicação com os trabalhadores e estamos a garantir que o plano de ajustamento está em conformidade com a legislação laboral da China", acrescentou.
Desde meados de março, a PwC perdeu mais de três dezenas de clientes no mercado chinês - alguns deles gigantes estatais como o Banco da China ou a PetroChina - a maioria dos quais optou pelas outras três componentes das chamadas "Quatro Grandes" do mundo da auditoria: Ernst & Young (EY), KPMG ou Deloitte.
Em maio passado, a agência Bloomberg noticiou que as autoridades chinesas estavam a considerar uma multa recorde de pelo menos mil milhões de yuans (126 milhões de euros) contra a PwC e a suspensão de algumas das operações da empresa no país, devido ao desempenho como auditor do gigante imobiliário endividado Evergrande durante 14 anos, até 2023.
Os inquéritos oficiais mostraram que a Evergrande inflacionou o volume de negócios e os lucros nos exercícios de 2019 e 2020, o que resultou numa emissão fraudulenta de obrigações e na inclusão de informações falsas nos relatórios anuais. Pequim multou a principal filial em cerca de 577 milhões de dólares (527 milhões de euros) e baniu o fundador, Xu Jiayin, de operar nos mercados bolsistas.
As autoridades chinesas estão a investigar a PwC há meses, depois de a Evergrande ter inflacionado o volume de negócios em 78 mil milhões de dólares (71 mil milhões de euros) e os lucros em mais de 12 mil milhões de dólares (11 mil milhões de euros), um valor 20 vezes superior ao do escândalo norte-americano de fraude nos lucros da Enron, em 2001, que resultou na quase extinção na empresa de auditoria Arthur Andersen.
"O risco para a reputação da PwC, não só na China mas a uma escala mais alargada, é muito real", afirmou Richard Murphy, professor de práticas contabilísticas na Universidade britânica de Sheffield, citado pela agência Bloomberg.
No início de 2023, a PwC anunciou que estava a abandonar a auditoria da Evergrande devido a discrepâncias na quantidade de informação recebida para avaliar as contas da empresa para o exercício de 2021.
A PwC, uma das empresas de auditoria mais utilizadas pelos promotores chineses, abandonou também a auditoria de pelo menos uma dúzia de empresas do setor nos últimos dois anos.
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