Os laureados não só provaram a relação entre instituições sociais e prosperidade, como desenvolveram ferramentas teóricas que explicam porque é que as diferenças entre instituições persistem e como podem mudar, sublinhou a Real Academia Sueca de Ciências, na sua decisão.
O seu trabalho contribuiu para revelar o que influencia a riqueza económica dos países a longo prazo e para compreender por que razão é tão difícil reformar as instituições extrativas, além de ter uma influência decisiva nas ciências económicas e sociais.
Os economistas utilizaram uma abordagem empírica inovadora: examinaram a colonização europeia em várias partes do mundo e os sistemas económicos introduzidos nesses países a partir do século XVI.
Descobriram que os mais ricos na altura da colonização se encontravam agora entre os mais pobres e que quanto mais elevada era a taxa de mortalidade entre os colonos, mais baixo era o Produto Interno Bruto (PIB) 'per capita' atual.
Nos seus estudos, utilizaram a cidade de Nogales, dividida em duas por uma vedação na fronteira entre os Estados Unidos e o México, como caso de estudo e verificaram que a diferença decisiva entre as duas não era geográfica ou cultural, mas sim as suas instituições.
"As pessoas que vivem a norte da vedação fazem-no no sistema económico americano, que lhes dá mais oportunidades de escolher a sua educação e profissão, e também fazem parte do seu sistema político, que lhes dá mais direitos políticos", refere.
Os premiados constataram que Nogales não era uma exceção, mas sim parte de um padrão claro com raízes que remontam à época colonial: enquanto alguns optaram por um sistema de exploração em massa, outros optaram por sistemas económicos e políticos inclusivos.
Um fator importante para determinar o tipo de colónia desenvolvida foi a densidade populacional da área colonizada: quanto maior a densidade, menos colonos e maior a resistência, mas também mais opções de mão-de-obra barata; quanto menor a densidade, menos resistência e mão-de-obra e mais colonos europeus.
No primeiro caso, foram criadas instituições extrativas, centradas no benefício da elite local e com poucos direitos políticos; no segundo, foram criadas instituições inclusivas para incentivar os colonos a trabalharem arduamente e a investirem no seu novo país, o que também levou a uma maior exigência de uma parte dos benefícios.
Outro fator importante foi a gravidade das doenças que afetaram as comunidades de colonos: onde eram mais perigosas, encontramos agora sistemas disfuncionais e mais pobreza, bem como corrupção e um Estado de direito mais fraco.
Os laureados construíram um modelo para explicar as circunstâncias em que as instituições políticas se formam e mudam, com três componentes: a primeira é o conflito sobre a forma de distribuir os recursos e sobre quem toma as decisões na sociedade, a segunda é o facto de as massas poderem, por vezes, exercer o poder através da mobilização e da ameaça à elite e a última é o chamado problema do compromisso, que significa que a única alternativa para a elite é entregar o poder de decisão à população.
Os três invetsigadores partilham um prémio de 11 milhões de coroas suecas (cerca de 976.000 euros, 1,1 milhões de dólares).
A ronda de vencedores termina hoje e será entregue a 10 de dezembro numa cerimónia dupla: o Prémio da Paz em Oslo e os outros em Estocolmo.
O Prémio Nobel da Economia, cujo nome verdadeiro é Prémio Memorial Alfred Nobel em Ciências Económicas, é o único dos seis prémios que não foi originalmente criado pelo magnata sueco, mas foi instituído em 1968 com base numa doação do Banco Nacional da Suécia à Fundação Nobel por ocasião do Prémio Nobel.
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