No capítulo analítico do Relatório Global de Estabilidade Financeira, divulgado hoje, o FMI aponta que a "incerteza relativamente aos resultados e às políticas económicas globais tem sido maior desde a pandemia, num contexto de choques inflacionistas e de tensões geopolíticas crescentes".
Neste contexto, a instituição alerta para que "a elevada incerteza macroeconómica pode afetar profundamente a estabilidade macrofinanceira, exacerbando os riscos descendentes do mercado, atrasando as decisões de consumo e investimento e reduzindo a oferta de crédito".
Perante estes riscos, o FMI defende que devem ser adotadas políticas como a redução da "incerteza macroeconómica interna, reforçando a credibilidade e a transparência dos quadros de políticas monetárias, orçamentais e do setor financeiro e através de estratégias de comunicação eficazes".
Recomenda ainda aos países a implementação de "políticas orçamentais e macroprudenciais adequadas para conter as vulnerabilidades macrofinanceiras e criar resiliência contra choques adversos, especialmente quando a incerteza macroeconómica é elevada".
Para o FMI, as políticas orçamentais devem "dar prioridade à sustentabilidade da dívida para conter os efeitos adversos dos elevados níveis de dívida pública sobre os custos dos empréstimos, que correm o risco de minar a estabilidade macrofinanceira".
Foi também divulgado hoje um capítulo do Fiscal Monitor onde o FMI destaca que a dívida pública global é muito elevada, estando previsto que ultrapasse os 100 biliões de dólares (93% do PIB global) em 2024 e continue a aumentar até ao final da década (aproximando-se de 100% do PIB em 2030).
Na análise à dívida pública em várias economias, conclui-se que "os elevados níveis de dívida e a incerteza em torno da política fiscal e monetária em países sistematicamente importantes", como os Estados Unidos, "poderão aumentar a volatilidade das 'yields' soberanas e os riscos da dívida para outros países".
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