O Quénia tem vindo a enfrentar nos últimos anos um enorme endividamento, uma crise do custo de vida e uma moeda em desvalorização, mas o FMI considera que "a resolução das pressões excecionais sobre o financiamento externo no início do ano reavivou a confiança do mercado, ajudou a estabilizar o xelim e permitiu que as reservas de divisas se acumulassem mais rapidamente", segundo uma nota divulgada na quarta-feira.
O país viveu distúrbios, entre junho e julho, que agravaram a situação e causaram prejuízos, com manifestações e protestos quando foi conhecida a proposta de lei das finanças 2024-2025, que inclui novos aumentos de impostos impopulares após anos de inflação elevada e escândalos de corrupção.
De acordo com as organizações de direitos humanos, pelo menos 60 pessoas foram mortas durante os protestos, com forte repressão das forças de segurança.
O projeto de lei acabou por ser rejeitado pelo Presidente William Ruto, que está dividido entre pressões das instituições internacionais para encontrar receitas para pagar uma dívida de 78 mil milhões de dólares (70,5 mil milhões de euros) e a pressão social da população, um terço da qual vive abaixo do limiar da pobreza.
As grandes quebras de receitas no ano fiscal de 2023/24 e o retrocesso nas medidas de receita devido a questões de governação representam um desafio para os esforços de consolidação orçamental em curso, alerta o FMI.
"As autoridades quenianas enfrentam um difícil equilíbrio: aumentar as receitas internas para proteger as despesas essenciais em áreas prioritárias e, ao mesmo tempo, cumprir as pesadas obrigações do serviço da dívida", lê-se na nota da instituição financeira.
Como tal, conclui, o FMI, "é necessário melhorar a governação e a transparência para restaurar a confiança do público na utilização eficiente dos recursos públicos".
O Governo queniano anunciou no início deste mês que tinha pedido ao FMI um diagnóstico completo da governação e da corrupção em todos os ministérios e instituições públicas.
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