"Sines é o maior porto de 'transhipping' [transbordo] nacional e, a pouco e pouco, vai-se transformar no maior porto de 'interland' internacional, portanto hoje é muito significativo o papel que Sines tem na economia nacional", afirmou o governante à margem da assinatura de um memorando de entendimento para a criação de um corredor verde entre os portos de Sines, Roterdão (Países Baixos) e Duisport (Alemanha) e a empresa Madoqua.
Segundo o ministro das Infraestruturas, trata-se de um acordo "histórico" para a criação "do primeiro corredor verde" que vai permitir o transporte de combustíveis alternativos e matérias-primas baseadas em derivados de hidrogénio, como o e-amoníaco e o e-metanol, e produtos como o CO2 liquefeito, de Portugal para o noroeste da Europa.
"É essencial Sines liderar este desafio enorme que a Europa tem. Não basta liderar nas palavras, temos que liderar também nas ações e por isso é que Sines e Portugal teve a arte e o engenho, em conjunto com a iniciativa privada e com as universidades, [de] conseguir captar para Portugal a maior parte dos incentivos europeus para esta área do hidrogénio verde", disse.
No entanto, ressalvou, é preciso "garantir que fica em Portugal propriedade intelectual, talento, conhecimento, economia que ajude a crescer o país de forma mais sustentada".
A cerimónia, que decorreu na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), contou com a presença de Mona Neubaur, ministra da Economia, Indústria, Proteção do Clima e da Energia e vice-primeira-ministra do Estado Alemão da Renânia do Norte-Vestfália.
O memorando de entendimento foi assinado por Marloes Ras da empresa Madoqua, José Luís Cacho, pela Administração dos portos de Sines e do Algarve, Wouter Demenint, pelo porto de Roterdão, e por Markus Bangen, da Duisport.
Aos jornalistas, Miguel Pinto Luz, realçou que este corredor verde "vai unir Sines a portos tão grandes como o porto de Roterdão e Duisport" e assegurou que o Governo está empenhado em "fechar uma parceria com o Brasil" para criar "um corredor com o Atlântico Sul" e a trabalhar "com a embaixadora do Canadá" para "o Atlântico Norte".
"Sines, desse ponto de vista, tem uma localização geoestratégica absolutamente única e acreditamos muito no potencial de Sines, no crescimento que Sines pode ter", até porque "o Governo continua a fazer investimentos, nomeadamente na ferrovia e no corredor internacional sul que vai servir Sines", reforçou.
Questionado sobre outros investimentos anunciados de produção de hidrogénio que, entretanto, foram sendo cancelados, o ministro garantiu que "esse para, arranca, parou definitivamente" e que o Governo está comprometido "neste caminho para o hidrogénio verde, mas também no caminho para o grande projeto mobilizador de toda a Europa".
"Não tenho receio nenhum, estou absolutamente confiante nas apostas que estamos a fazer e hoje temos a prova disso", concluiu.
A empresa luso-holandesa Madoqua está a desenvolver, em Sines, um projeto de produção de hidrogénio verde e amoníaco, que representa um investimento de 1,3 mil milhões (fase 1) e 1,5 mil milhões (na fase 2).
Em 2022, a Madoqua anunciou uma parceria com a Copenhagen Infrastructure Partners (CIP) e com a Power2X para construir um projeto de hidrogénio verde e amoníaco à escala industrial de 1,2 GW (Gigawatts), a MadoquaPower2X em Sines, Portugal, que irá criar mais de 150 postos de trabalho diretos e 2.000 indiretos.
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