A dois dias de iniciar o cargo como secretário-geral do Governo, Hélder Rosalino desistiu devido à polémica em redor do seu salário, que seria de cerca de 15 mil euros. Na quarta-feira soube-se que o próximo emprego será como membro do Conselho de Administração da Valora, uma empresa impressora de notas 100% detida pelo Banco de Portugal (BdP), onde já ocupou o cargo de administrador.
O BdP justificou a recente nomeação com o facto de já estar "prevista desde novembro de 2024, sendo retomada após ter sido suspensa na sequência de um convite dirigido a Hélder Rosalino para funções fora do Banco".
De acordo com o BdP, "a experiência de Hélder Rosalino como Diretor do Departamento de Emissão e Tesouraria do Banco de Portugal e, posteriormente, como Administrador com o pelouro desse Departamento e como membro do Conselho de Administração da Valora, cargos que desempenhou durante vários anos, justifica a escolha".
A nomeação será confirmada posteriormente em assembleia-geral da Valora.
Salário no centro da polémica que levou Rosalino a desistir de cargo no Governo
A 30 de dezembro, dois dias antes de iniciar o cargo como secretário-geral do Governo, a 1 de janeiro, Hélder Rosalino mostrou-se "indisponível" para assumir o cargo depois de ter sido nomeado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.
A notícia surgiu numa altura em choviam críticas sobre a nomeação do antigo administrador do Banco de Portugal devido ao salário que iria receber, que rondava os 15 mil euros.
Apesar da polémica, o Governo justificou o salário de Rosalino com o facto de permitir que "mantivesse o vencimento auferido há vários anos no Banco de Portugal, o qual foi por este definido. E permitiria ao Estado português, no seu conjunto, a poupança de um segundo salário, correspondente à tabela legal para o Secretário-Geral do Governo".
Em plena polémica, o Banco de Portugal veio desmarcar-se de qualquer responsabilidade no valor da remuneração do então escolhido para secretário-geral do Governo, nomeado pelo primeiro-ministro, depois de deixar o cargo de administrador do Banco de Portugal.
Ainda assim, o Governo justificou que "a recusa do Banco de Portugal de continuar a pagar o salário de origem não impedia a poupança de recursos públicos, mas criou uma complexidade indesejável".
Ministro continua a defender que Rosalino "não deveria ver reduzido o seu salário"
Na terça-feira, após ser conhecido o novo cargo de Rosalino na subsidiária do BdP, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, reiterou que o vencimento que seria dado enquanto secretário-geral do Governo seria "manifestamente uma poupança" para "o dinheiro dos portugueses".
Questionado se o valor que foi estipulado surgiu por iniciativa de Hélder Rosalino, o ministro dos Assuntos Parlamentares negou e afirmou que "foi o Governo que tomou essa iniciativa", reiterando que "é importante que se diga isso".
Em virtude da reunião de vencimentos do Banco de Portugal (BdP), com o objetivo de avaliar as remunerações dos administradores, o ministro dos Assuntos Parlamentares garantiu que "é importante que estes órgãos funcionem" e afirmou que "não devemos dramatizar de maneira nenhuma o facto de haver uma reunião".
Carlos Costa Neves será o novo secretário-geral do Governo
O cargo de secretário-geral do Governo acabou por ficar para o antigo ministro e eurodeputado Carlos Costa Neves, com o gabinete do primeiro-ministro a garantir que vai receber um salário de acordo com a tabela legal.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, delegou no ministro da Presidência, António Leitão Amaro, a tutela da secretaria-geral do Governo.
Leia Também: Hélder Rosalino no Governo? "Não deveria ver reduzido o seu salário"