Pedro Campos, ex-trabalhador e ex-dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas, disse hoje à agência Lusa que, no final de dezembro, os trabalhadores foram notificados para enviarem os seus dados bancários para receberem as indemnizações.
O Tribunal da Comarca Lisboa Norte "deu autorização" para o administrador de insolvência, Jorge Calvete, "proceder aos pagamentos das indemnizações aos trabalhadores".
No total de mais de duas centenas de credores, entre ex-trabalhadores, ex-fornecedores e outras empresas financeiras, as indemnizações a pagar rondam os 2,6 milhões de euros.
No início de dezembro, o administrador de insolvência entregou ao tribunal a proposta de distribuição e de rateio dos créditos a reaver pelos credores.
Fonte judicial explicou à Lusa que a proposta foi impugnada pela Lisgarante, uma das empresas credoras, devendo o processo de pagamento das indemnizações atrasar enquanto o tribunal não se pronunciar sobre o recurso.
Contactado pela Lusa, Jorge Calvete recusou prestar esclarecimentos.
Em maio de 2023, o administrador de insolvência concluiu a fase de liquidação do património da empresa e apresentou as contas ao tribunal e aos credores, existindo cerca de 2,9 milhões de euros de saldo existente na massa insolvente.
Os mais de 200 credores da empresa decidiram, em maio de 2013, encerrar em definitivo a fábrica e liquidar os bens, deixando no desemprego uma centena de trabalhadores.
Em causa estava uma dívida de 23 milhões de euros que os levou a pedir a insolvência da empresa dois meses antes.
O principal credor da Fundição é a Caixa Geral de Depósitos, que financiou com 11,5 milhões de euros (ME) a construção da nova fábrica.
Entre as causas da insolvência estiveram a deterioração da rentabilidade económica, o investimento de 16 ME na nova fábrica, a crise de liquidez, o avolumar das dívidas dos clientes e problemas de tesouraria.
Em maio de 2014, os trabalhadores receberam indemnizações por via do Fundo de Garantia Salarial, num total de 800 mil euros.
As instalações da antiga fábrica foram vendidas e chegaram a ser leiloadas por 1,8 milhões de euros, bem como o terreno onde estava a ser construída a nova, avaliado em 3,5 milhões de euros.
As indemnizações por despedimento, salários e subsídios de férias e de Natal em atraso aos trabalhadores ascendiam a dois milhões de euros.
A Fundição de Dois Portos funcionou durante 65 anos.
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