Se as tarifas se consolidassem, o impacto sobre o comércio poderia subtrair mais de um ponto ao Produto Interno Bruto (PIB) do México e do Canadá no prazo de dois anos, cerca de 0,2 pontos ao da China e menos de meio ponto ao dos EUA, de acordo com os cálculos da AXA Investment Managers.
Os analistas da Banca March recordam que as tarifas entrarão em vigor na terça-feira, 04 de fevereiro, o que "deixa uma pequena margem de negociação".
De facto, Trump tenciona falar hoje ao telefone com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, e com a Presidente mexicana, Claudia Sheinbaum.
As tarifas aprovadas pelos EUA - 10% sobre as importações da China e 25% sobre as importações do Canadá e do México - não se aplicarão às mercadorias já em trânsito.
Analistas da Banca March citados pela Efe sublinham que estas tarifas "poderão ser revogadas no futuro" se Trump atingir os seus objetivos em questões fundamentais como o controlo da imigração ou o desequilíbrio das balanças comerciais.
Norbert Rücker, do banco privado suíço Julius Baer, considera que as tarifas são, acima de tudo, "um instrumento de choque" utilizado pelo Presidente dos Estados Unidos para melhorar a sua posição relativamente à economia norte-americana.
"A sua imposição deverá permanecer temporária, com impactos inflacionistas algo contidos dentro dos EUA e impactos deflacionistas significativos fora do mercado norte-americano", explica num comentário de mercado.
Na mesma linha, Vicent Chaigneau, da Generali AM, espera uma "rápida suspensão" das tarifas "à medida que os países-alvo tomam medidas para resolver as crises do fentanil e da imigração".
A Axa Investment Managers, que utiliza um modelo desenvolvido pelo Peterson Institute, estima que a imposição de direitos aduaneiros de 25% sobre as importações provenientes do México e do Canadá reduziria 1,3 pontos do PIB destas duas economias no prazo de dois anos, sem ter em conta eventuais retaliações.
Os dois países, assim como a China, já adiantaram que vão reagir às tarifas norte-americanas.
"Sair da recessão para os dois parceiros norte-americanos dos EUA será difícil", sublinha Gilles Moëc, economista-chefe da empresa.
O impacto das tarifas de 10% na economia chinesa seria menor, de cerca de 0,2 pontos do PIB em dois anos.
Segundo Moëc, trata-se de um impacto "gerível", desde que esta percentagem "não seja uma mera introdução" e que Trump opte por aplicar tarifas crescentes ao gigante asiático.
As tarifas também afetariam a economia norte-americana. De acordo com os cálculos da Axa IM, as tarifas impostas ao México e ao Canadá subtrairiam 0,3 pontos ao PIB dos EUA em dois anos e as impostas à China subtrairiam 0,1 pontos.
A principal consequência para os EUA seria, de acordo com o gestor, o aumento da inflação, uma vez que a subida dos preços aceleraria mais de 0,5% este ano, apenas em resultado dos novos direitos aduaneiros.
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