O Brasil espera oficialmente colher 51,8 milhões de sacas de 60 quilos de café este ano, o que representa uma redução de 4,4% (ou 600 mil sacas) face a 2024, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura do país.
Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) frisou, contudo, que apesar de o Governo brasileiro divulgar projeções mensalmente, como a colheita do café começa em abril e desafios climáticos e de logística podem impactar a produção, ainda não é possível estimar com precisão o desempenho do setor este ano.
Já Gil Barabach, consultor de Safras & Mercado que analisa o mercado de café, projetou uma colheita em torno de 62 milhões de sacas de café em 2025 no Brasil, o maior produtor e exportador mundial.
"Isso é, 38 milhões de sacas de café arábica e 24 milhões de sacas das variedades conilon e robusta, mas podemos corrigir para cima esses números porque a perspetiva em relação à colheita melhorou", acredita o analista à Lusa.
Ainda que exista a possibilidade de melhora na colheita, Pavel Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) prevê que os preços do café no mercado internacional só devem recuar de facto em 2026, quando o Brasil "terá uma colheita muito maior do que nesse ano e, possivelmente superior ao recorde de 2020"
"Só então poderemos ter algum arrefecimento, uma possível retração nas cotações do café, mas isso é um retrato de agora", frisou.
Sobre a questão dos preços no mercado internacional, o responsável da Cecafé manifestou incertezas sobre a manutenção da tendência de alta nos próximos meses, mas considerou provável que os preços não vão recuar porque não há um cenário que indique mudanças abruptas no mercado.
"O consumo de café segue forte, os 'stocks' seguem baixos e a USDA [Departamento de Agricultura dos Estados Unidos] divulgou um relatório recentemente mostrando que o 'stock' atual é o mais baixo dos últimos cinco anos", justificou.
De acordo com a USDA, usada como referência por agentes do mercado, a produção mundial de café no ciclo 2024/2025 será de 174,9 milhões de sacas, um avanço de 4,1% face ao período anterior.
O Governo norte-americano também estima que o consumo global de café alcançará 168,1 milhões de sacas, gerando um 'stock' final de 20,9 milhões de sacas, o menor das últimas 25 temporadas, impactando a cotação nas bolsas de Nova Iorque e Londres.
Sobre as exportações brasileiras de café para este ano, os três especialistas disseram que as vendas externas serão menores do que o recorde de 50,4 milhões de sacas exportadas no ano passado já que muitos compradores, especialmente os europeus, compraram um volume grande de café no ano passado.
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