Exportação de algodão em Moçambique rende menos apesar de produção crescer

As exportações moçambicanas de algodão renderam em nove meses de 2024 menos 61% face ao mesmo período do ano anterior, apesar de a produção nacional crescer, segundo dados oficiais, consultados hoje pela Lusa.

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Lusa
06/03/2025 08:55 ‧ há 4 horas por Lusa

Economia

Moçambique

De acordo com um relatório do Banco de Moçambique que detalha as exportações nacionais, de janeiro a setembro ascenderam a 11,9 milhões de dólares (11,1 milhões de euros), quando no mesmo período de 2023 totalizaram 30,3 milhões de dólares (28,3 milhões de euros).

 

"Este desempenho foi consequência da redução em 8% do preço da fibra de algodão no mercado internacional", aponta o documento.

Apesar desta queda no retorno das exportações, a produção de algodão em Moçambique até cresceu 2% em 2024, face ao ano anterior, para 24.000 toneladas.

De acordo com os dados da execução orçamental de 2024, do Ministério das Finanças, a produção de algodão, uma das culturas de referência do país, ficou aquém das 40.000 toneladas previstas, cumprindo apenas 60% da meta, embora acima das 23.516 toneladas de 2023.

Em 2024, a área de produção de algodão em Moçambique cresceu para 96.523 hectares, contra os 95.097 hectares no ano anterior, segundo os mesmos dados.

De acordo com dados avançados em maio à Lusa pelo presidente da Associação Algodoeira de Moçambique (AAM), Francisco Ferreira dos Santos, o algodão em Moçambique representou uma média anual de 30 a 50 milhões de dólares (28 a 46,7 milhões de euros) em exportações nos últimos 10 anos, sendo uma cultura tida como essencial: "Tem uma cadeia de valor enorme (...) é uma cultura quase que sagrada, com efeitos catalisador na economia e na demografia".

O Governo moçambicano atribuiu no ano passado um subsídio para a compra de algodão de cinco meticais (sete cêntimos) por quilograma na atual campanha, estabilizando preços e beneficiando 600 mil agricultores, além de incentivar uma "cultura de confiança", anunciou em maio o ministro da tutela.

"Esta estabilização de preço e este subsídio que estamos a aprovar vai tocar cerca de 100 mil famílias. Estamos a falar de um universo de 600 mil pessoas que vão ter o seu rendimento estabilizado", disse o então ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Moçambique, Celso Correia.

Para a campanha de 2023/24 foi fixado o preço mínimo de 30 meticais (45 cêntimos de euro) por quilograma na venda de algodão, incluindo o subsídio a atribuir pelo Governo, contra os 33 meticais (50 cêntimos) por quilograma e o subsídio de sete meticais (11 cêntimos) na campanha anterior.

A falta de chuva em algumas regiões do país devido ao fenómeno meteorológico 'el niño', o continuo abandono da produção na província de Cabo Delgado, uma das maiores produtoras do país, mas sobretudo o excesso da produção no mercado condicionaram em baixa o preço e levaram, pelo segundo ano consecutivo, a fixar um subsídio para manter o rendimento aos produtores.

"Há uma pressão global exercida pelos países onde há subsídios, que está a pôr o preço do algodão em baixa. Está-se a produzir muito algodão, os 'stocks' estão a subir", explicou o ministro Celso Correia.

Moçambique representa menos de 0,5% da produção mundial de algodão, num mercado liderado por países como Estados Unidos, China ou Índia.

Na campanha de 2022/23 foram comercializadas 37.400 toneladas, com subsídios estatais de 261,6 milhões de meticais (3,8 milhões de euros).

Leia Também: Extração mineira deu 16,9 milhões para projetos em Moçambique

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