De acordo com a iniciativa apresentada hoje em conferência de imprensa, em Bruxelas (Bélgica), o executivo comunitário anunciou que quer reforçar a indústria siderúrgica dos países da União Europeia (UE) garantindo que conseguem um abastecimento de energia acessível, permitindo aos Estados-membros flexibilizar e reduzir as tarifas da rede elétrica para "aliviar a volatilidade dos preços" que as empresas pagam.
Em simultâneo, Bruxelas quer que as empresas deste setor tenham um acesso mais rápido à rede elétrica para uma utilização intensiva de eletricidade, tendo em conta que a siderurgia é uma das áreas de atividade que mais energia necessita.
No esforço de reforçar a competitividade deste setor em comparação com outros países, o executivo de Ursula von der Leyen também vai "equilibrar o terreno" e, nesse sentido, quer assegurar que empresas de países de fora da UE não estão a mascarar as quantidades de carbono que utilizam na indústria siderúrgica - conhecido como "greenwashing".
Mas, para este objetivo, a Comissão Europeia remeteu para uma comunicação a fazer no decurso do ano.
A Comissão Europeia também quer proteger as capacidades de produção desta indústria e prometeu até ao final do ano apresentar medidas para o fazer.
Após ter ouvido a cadeia de valor do setor siderúrgico (como fabricantes de aço, de matérias-primas e de bens e serviços e representantes dos parceiros sociais e da sociedade civil), o executivo comunitário avança agora com este plano de ação para garantir que a indústria siderúrgica europeia é competitiva e sustentável a longo prazo.
Além dos novos direitos aduaneiros dos Estados Unidos, o setor tem vindo a enfrentar desafios como o aumento dos custos da energia, problemas de acesso às matérias-primas e concorrência global desleal.
A posição surge depois de, na semana passada, a Comissão Europeia (que detém a competência da política comercial na UE) ter anunciado contramedidas, a partir de abril, às tarifas alfandegárias de 25% impostas pelos Estados Unidos às importações de aço e alumínio.
As taxas de 25% impostas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, ao aço e ao alumínio entraram provisoriamente em vigor na semana passada, marcando uma nova etapa na guerra comercial entre os Estados Unidos e os principais parceiros comerciais.
Como as tarifas norte-americanas valem cerca de 28 mil milhões de dólares (26 mil milhões de euros), o bloco comunitário respondeu com contramedidas no mesmo valor.
As contramedidas europeias serão introduzidas em duas fases, a partir de 01 de abril, e estarão plenamente em vigor a partir de 13 de abril.
No que toca a Portugal, as tarifas de 25% sobre as importações de alumínio e aço anunciadas pelo Presidente norte-americano não deverão penalizar a indústria metalúrgica e metalomecânica portuguesa, que exporta para os Estados Unidos produtos acabados e não matérias-primas, segundo a associação setorial.
A indústria siderúrgica europeia, com cerca de 500 instalações de produção em 22 Estados-membros, contribui com cerca de 80 mil milhões de euros para o Produto Interno Bruto (PIB) da UE e é responsável por 300 mil empregos diretos e 2,3 milhões de postos de trabalho indiretos.
Fornece setores críticos como automóvel, construção, defesa, tecnologias de emissões líquidas nulas, veículos elétricos e infraestruturas críticas, sustentando cadeias de valor industriais inteiras.
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