Ainda segundo as demonstrações financeiras, o passivo do vulgarmente designado BES 'mau' era de 11,06 mil milhões de euros em 2024 (acima dos 10,7 mil milhões de euros de 2023) enquanto o ativo era de 179,9 milhões de euros (acima dos 174,7 milhões de 2023).
Em 2023, o BES tinha apresentado um prejuízo de 3.058 milhões de euros depois de o tribunal ter reconhecido uma dívida de 2,7 mil milhões de euros de créditos do Fundo de Resolução.
Tal como no ano passado, nas contas hoje divulgadas, a Comissão Liquidatária diz que - no seguimento dessa decisão da Justiça - "o ativo do BES é insuficiente para o pagamento dos créditos do Fundo de Resolução" e, logo, "não haverá pagamentos às outras classes" de credores (créditos comuns e créditos subordinados).
A Comissão Liquidatária lembra, contudo, o princípio legal que estabelece que nenhum credor pode suportar perdas maiores numa resolução do que teria numa liquidação ('no creditor worse off').
A consultora Deloitte contabilizou que se o banco tivesse sido liquidado os credores comuns teriam recuperado 31,7%, pelo que esse valor terá que lhes ser pago pelo Fundo de Resolução bancário. Contudo, há dúvidas sobre quando pagará esse valor o Fundo de Resolução, podendo ser apenas no fim do processo de liquidação do BES, que ainda poderá demorar anos.
Em 2019, a Comissão Liquidatária do BES reconheceu quase 5.000 credores (comuns e subordinados) com créditos no valor de 5.057 milhões de euros.
Os credores não reconhecidos ou que não concordaram com os créditos reconhecidos impugnaram a decisão. Segundo o relatório e contas de 2024, até final do ano passado 1.946 impugnações foram extintas, enquanto permanecem para decisão dos tribunais 1.644 impugnações.
O Banco Espírito Santo (BES) foi alvo de uma medida de resolução no verão de 2014 e posteriormente foi-lhe revogada a autorização para funcionar, entrando em liquidação. Parte dos ativos e passivos passaram para o Novo Banco enquanto o BES passou a ser gerido por uma Comissão Liquidatária (atualmente presidida por César Brito) que faz a gestão dos bens, créditos e processos judiciais que permaneceram no banco.
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