De acordo com os resultados de um inquérito, levado a cabo pela AIP e enviado ao Ministério da Economia, a que a Lusa teve acesso, "já se assiste a uma redução da procura com cancelamento e suspensão de encomendas" devido às tarifas do Presidente Donald Trump.
Assim, para 14% das inquiridas, a previsão de redução da faturação nos próximos meses oscila entre os 10% e 20%. Já 58% das sociedades apontam para uma diminuição entre 20% e 35%, com 28% das empresas a acreditarem que a queda poderá ser superior a 50%.
As empresas estão preocupadas com as "implicações geopolíticas decorrentes das guerras comerciais", e acreditam que um "plano de resposta governamental deve centrar-se nas empresas cujos produtos serão mais afetados pela política aduaneira dos EUA e não generalizado a todo o setor".
As empresas querem "alinhar e concertar as posições de Portugal com as decisões dos Estados-membros da UE, no âmbito das políticas comercial comum, as negociações bilaterais com os EUA", defendendo que "devem ser adotadas medidas de negociação, deixando para segunda fase e, caso necessário, as de retaliação, evitando a fragmentação dos mercados, ou se existirem, devem centrar-se no setor dos serviços tecnológicos".
Segundo a AIP, responderam ao inquérito os setores têxtil e vestuário (27%), cerâmica e vidro (26%), metalomecânica (14%), máquinas e equipamentos (14%), bebidas (14%) e outros (5%).
A AIP indicou que os setores mais afetados serão a indústria química, produtos minerais, máquinas, têxteis, plásticos e agroalimentar.
"É de realçar que dentro destes setores há produtos mais diretamente atingidos que outros", indicou.
Segundo a AIP, "a estrutura das exportações de bens para os EUA em 2024" foi liderada pela indústria química (inclui farmacêutica), com 24,9%, seguida dos produtos minerais (20,4%), máquinas e aparelhos elétricos (10%), têxteis (8,2%), plástico e borracha (8%), metalúrgica e metalomecânica (5,8%) e madeira (3,9%).
"Os produtos minerais (inclui produtos petrolíferos) tiveram uma quebra homóloga na exportação de 57,6% e a metalomecânica (máquinas e aparelhos) 43,7%", indicou.
O Ministério da Economia vai reunir-se com associações empresariais de diversos setores hoje e na quarta-feira para avaliar "o impacto e as medidas de mitigação" das tarifas que o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quarta-feira, de 20% a produtos importados da União Europeia e que acrescem às de 25% sobre os setores automóvel, aço e alumínio.
As novas tarifas de Trump são uma tentativa de fazer crescer a indústria dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que punem os países por aquilo que disse serem anos de práticas comerciais desleais.
As novas tarifas foram impostas pelos Estados Unidos sobre todas as importações, com sobretaxas para os países considerados particularmente hostis ao comércio.
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