A construção da Autoestrada do Marão começou há seis anos, mas esteve parada por três vezes e foi retomada em setembro de 2014, depois de o Estado resgatar a concessão, devido a incumprimentos da concessionária e de a entregar à Infraestruturas de Portugal (IP, então Estradas de Portugal).
"Quatrocentos e cinco dias após da consignação foi com um prazer grande que ontem [segunda-feira] varamos, abrimos, a última galeria, a galeria norte, pelo que neste momento já se atravessa de Amarante para Vila Real pelas duas galerias do Túnel do Marão. É um momento histórico", afirmou António Ramalho à agência Lusa, após uma visita à empreitada.
Na segunda-feira à noite foi efetuada a detonação da última carga explosiva que permitiu eliminar os últimos quatro metros, a junção das duas frentes de trabalhos da galeria norte e a conclusão da escavação do túnel que atravessa a serra.
Os dois túneis foram construídos em paralelo, em quatro frentes de obra, e todos os trabalhos lá dentro decorrem também em simultâneo.
O presidente da IP referiu que a construção está agora a ser feita em "tempo recorde" e explicou que se está a "seguir uma metodologia de total execução". Ou seja, todos os trabalhos estão a ser feitos em simultâneo, desde, por exemplo, a perfuração, betonagem, drenagem ou asfaltagem.
"Isso assegura que estejamos muito perto do final da obra que, do ponto de vista de construção civil deverá estar concluída até ao final do ano", salientou.
A abertura da via ao tráfego está prevista para o final do primeiro trimestre de 2016.
No maior túnel rodoviário da Península Ibérica trabalham neste momento 580 pessoas. São 1.200 nas várias frentes de obra que tem decorrido "com um nível muito baixo de acidentes de trabalho e com nenhuma vítima mortal".
Por ser considerada uma "obra única", António Ramalho disse que têm sido várias as universidades de engenharia portuguesas e estrangeiras que têm mostrado interesse em conhecer o Túnel do Marão.
Neste sentido, segundo o responsável, vão ser organizadas visitas de estudo, "com a cautela e limitações necessárias", durante esta fase final de concretização dos trabalhos.
"Não só é o maior túnel rodoviário da Península Ibérica como vai desembocar num dos maiores viadutos da Península em termos de altura. É uma obra que foi executada de uma forma multifunções o que a torna particularmente interessante também a nível das metodologias utilizadas", frisou.
António Ramalho destacou ainda a "importância socioeconómica" da Autoestrada do Marão, que vai unir as autoestradas A4 (Amarante) e Transmontana (Vila Real) permitindo uma ligação mais rápida e direta para Espanha e também do Interior Norte ao Litoral do país.
Para além disso, acrescentou, será uma alternativa ao Itinerário Principal 4 (IP4) que, em média por ano, fica 26 dias com constrangimentos no tráfego devido à queda de neve e formação de gelo.
"A cota da autoestrada não ultrapassa os 800 metros pelo que anulamos esses 26 dias, o que é importante para a gestão logística das empresas do local e é uma vantagem do ponto de vista de segurança rodoviária", salientou.
Os estudos apontam ainda para uma redução de 25% na sinistralidade rodoviária.
A Autoestrada do Marão vai ter um investimento final que ronda entre "os 260 a 280 milhões", valores abaixo do inicialmente previsto de 345 milhões de euros.
Entretanto, a União Europeia atribuiu um cofinanciamento de 89 milhões de euros a esta empreitada no âmbito dos Fundos de Coesão.
Para atravessar os 26 quilómetros desta autoestrada ter-se-á que pagar cerca de dois euros de portagem.
É um valor, segundo António Ramalho, que fica também abaixo "cerca de 30%" do inicialmente previsto e que é possível porque se "conseguiu poupar na construção" desta via.
