A indicação foi dada por Óscar Melhado, representante do FMI em Bissau, após um encontro com o chefe do Governo guineense, Carlos Correia.
O encontro serviu para analisar quais os mecanismos com que o Fundo poderá apoiar "o relançamento da atividade económica" na Guiné-Bissau, afetada por uma crise política há vários meses.
Na semana passada, o presidente da Câmara de Comércio da Guiné-Bissau, Mamadu Saliu Lamba, alertou as autoridades para os riscos de a campanha de comercialização de caju "vir a ser um fiasco".
Lamba lamentou que a poucos dias do arranque da campanha, não seja indicado um preço de referência para compra do produto ao agricultor, entre outras medidas.
Aquele responsável alertou ainda para os receios dos bancos face à crise que os podem inibir na hora de financiar a campanha de comercialização do caju, que decorre entre março a setembro.
A castanha de caju é o principal produto de exportação da Guiné-Bissau e, segundo dados do Governo, cerca de 80% da população rural dedica-se ao processo, desde a compra até à venda, fazendo girar a economia do país.
Perante o cenário, o FMI pondera avançar com linhas de financiamento aos operadores económicos, numa iniciativa coordenada pelo Governo, como forma de "injetar capital na campanha", disse Óscar Melhado.
"É muito estratégico que a campanha da castanha do caju decorra bem. O ano passado correu bem", disse Melhado, que também anunciou a possibilidade de o FMI apoiar as ações do sector privado que atua na Guiné-Bissau no setor da mineração e das pescas.
O representante entende que, no âmbito do processo de apoio às autoridades para a redução da pobreza, "seria também muito importante" reativar os compromissos firmados com a comunidade internacional na mesa redonda organizada em Bruxelas, na Bélgica, em 2015.
Os parceiros da Guiné-Bissau anunciaram intenções de apoio a projetos de desenvolvimento do país no valor de mil milhões de euros, desde que haja estabilidade política e governativa.