Esta segunda-feira os combustíveis ficam mais caros em território nacional, sendo que gasóleo e gasolina aumentam alguns cêntimos por litro, números que não estão confirmados. Esta é a terceira subida em apenas um mês e as polémicas afirmações do ministro da Economia, Caldeira Cabral, vieram dar ainda mais ênfase ao tema.
"Deixo um apelo para que as pessoas evitem fazer isso [ir abastecer a Espanha], porque no fundo estão a pagar impostos a Espanha em vez de pagarem a Portugal, mesmo tendo um desconto. Penso que por civismo é de pedir às pessoas para que evitem fazer isso". Foram estas as declarações que espoletaram um conjunto de críticas de vários setores da sociedade e que levaram as transportadoras a pedir a demissão do membro do Executivo.
O imposto sobre os produtos petrolíferos foi aumentado pelo atual Governo para “corrigir a perda de receita fiscal, resultante da diminuição da cotação internacional”, contudo, agora que as cotações do petróleo nos mercados internacionais voltaram a subir, e consequentemente os combustíveis, o Executivo afirmou que não há razões para se reavaliar a situação.
Depois das afirmações de Caldeira Cabral, as transportadoras portuguesas estiveram reunidas e mostraram que os próximos 15 dias serão de luto para o país. Revoltadas, as empresas prometem ainda uma marcha lenta pelo país, caso não sejam tomadas “decisões rápidas” em relação ao setor e aos combustíveis.
Também Passos Coelho reagiu às declarações do ministro da Economia, no passado sábado, em Boticas, Vila Real, e garantiu que é “caricato” que um ministro peça aos portugueses que “não vão abastecer a Espanha e que abasteçam mais caro cá [em Portugal]”.
No mesmo sentido, Marques Mendes, no comentário político de domingo no Jornal da Noite da SIC, referiu-se ao pedido como “uma anedota”. “Isto é um bocadinho de gargalhada. Um bocado anedota Porque as regras colocam-se nestes termos: se pode comprar mais barato, a que propósito vai comprar mais caro?”, questionou o social-democrata.
Marques Mendes mencionou ainda num possível engano no destinatário do apelo. “[Cadeira Cabral devia ter feito o apelo mas ao ministro das Finanças, dizendo-lhe para ter cuidado com o exagero nos aumentos dos combustíveis”, ironizou.