Veículo de resolução do malparado em Espanha teve dano para a economia

A porta-voz do BE, Catarina Martins, afirmou hoje que o veículo de resolução do crédito malparado usado em Espanha teve "dano para a economia", mas garantiu que os bloquistas estão disponíveis para estudar as soluções apresentadas pelo Governo.

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Lusa
10/04/2016 19:00 ‧ 10/04/2016 por Lusa

Economia

Catarina Martins

À margem do almoço comemorativo dos 17 anos do BE, Catarina Martins foi questionada pelos jornalistas sobre a ideia defendida, num entrevista ao DN e à TSF, pelo primeiro-ministro, António Costa, de que seria "útil para o país encontrar um veículo de resolução do crédito malparado".

"Nós sabemos que há um problema que tem que ser resolvido e o Bloco de Esquerda está disponível para estudar soluções. Essa é uma solução eventualmente possível, mas eu lembro que foi utilizada em Espanha com dano para a economia espanhola e para o erário público", recordou.

A líder bloquista vincou que há "imparidades de 40 mil milhões de euros desde a crise financeira da banca" e que "é necessário uma limpeza, uma reestruturação".

"Estamos aqui para discutir as várias soluções, sempre com a exigência da defesa do interesse público de centros de decisões nacionais e da melhor proteção do erário público", reiterou.

No discurso durante o almoço, Catarina Martins teceu duras críticas à Comissão Europeia: "Diz que é contra a concorrência entregar um banco limpo com dinheiros públicos à Caixa Geral de Depósitos, mas já não há nenhum problema quando esse mesmo banco - o Banif - é entregue ao banco europeu que eles escolheram, o Santander".

"A concentração da banca europeia está a ser paga pelos países mais fragilizados. É um assalto e cheira mesmo a corrupção", acusou.

Segundo a porta-voz do BE, "calar é consentir" e "consentir é participar neste assalto".

"Defender Portugal exige a coragem de denunciar esta operação e recusar a perda dos centros de decisão nacional", apelou.

Para Catarina Martins, "onde há dinheiro público, que mande o Estado".

"Vender o Novo Banco será repetir o erro BPN e Banif e ficar a ver o resto do sistema financeiro, e muito particularmente a Caixa Geral de Depósitos e o erário público, a sofrer as consequências desastrosas de mais um financiamento encapotado à banca internacional", alertou.

A deputada do BE considerou ainda que "não se pode aceitar a proibição hipócrita da Comissão Europeia de recapitalização pública da Caixa Geral de Depósitos".

O tema do momento, o escândalo dos Papéis do Panamá, não ficou de fora da ementa do almoço, com a líder dos bloquistas a recordar que "há 17 anos, tantos quantos tem de vida, que o Bloco apresenta medidas para acabar com o assalto dos 'offshores' e seguir o rastro do dinheiro".

"PS, PSD e CDS votaram contra todas as propostas. Agora estão chocados com o escândalo dos 'Panama Papers'. Antes terão ficado com o 'Swissleaks', o 'Luxleaks', com as comissões de inquéritos do BPN ou do BES.

O centrão em Portugal vai de choque em choque a caminho do nada fazer", condenou.

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