À margem do almoço comemorativo dos 17 anos do BE, Catarina Martins foi questionada pelos jornalistas sobre a ideia defendida, num entrevista ao DN e à TSF, pelo primeiro-ministro, António Costa, de que seria "útil para o país encontrar um veículo de resolução do crédito malparado".
"Nós sabemos que há um problema que tem que ser resolvido e o Bloco de Esquerda está disponível para estudar soluções. Essa é uma solução eventualmente possível, mas eu lembro que foi utilizada em Espanha com dano para a economia espanhola e para o erário público", recordou.
A líder bloquista vincou que há "imparidades de 40 mil milhões de euros desde a crise financeira da banca" e que "é necessário uma limpeza, uma reestruturação".
"Estamos aqui para discutir as várias soluções, sempre com a exigência da defesa do interesse público de centros de decisões nacionais e da melhor proteção do erário público", reiterou.
No discurso durante o almoço, Catarina Martins teceu duras críticas à Comissão Europeia: "Diz que é contra a concorrência entregar um banco limpo com dinheiros públicos à Caixa Geral de Depósitos, mas já não há nenhum problema quando esse mesmo banco - o Banif - é entregue ao banco europeu que eles escolheram, o Santander".
"A concentração da banca europeia está a ser paga pelos países mais fragilizados. É um assalto e cheira mesmo a corrupção", acusou.
Segundo a porta-voz do BE, "calar é consentir" e "consentir é participar neste assalto".
"Defender Portugal exige a coragem de denunciar esta operação e recusar a perda dos centros de decisão nacional", apelou.
Para Catarina Martins, "onde há dinheiro público, que mande o Estado".
"Vender o Novo Banco será repetir o erro BPN e Banif e ficar a ver o resto do sistema financeiro, e muito particularmente a Caixa Geral de Depósitos e o erário público, a sofrer as consequências desastrosas de mais um financiamento encapotado à banca internacional", alertou.
A deputada do BE considerou ainda que "não se pode aceitar a proibição hipócrita da Comissão Europeia de recapitalização pública da Caixa Geral de Depósitos".
O tema do momento, o escândalo dos Papéis do Panamá, não ficou de fora da ementa do almoço, com a líder dos bloquistas a recordar que "há 17 anos, tantos quantos tem de vida, que o Bloco apresenta medidas para acabar com o assalto dos 'offshores' e seguir o rastro do dinheiro".
"PS, PSD e CDS votaram contra todas as propostas. Agora estão chocados com o escândalo dos 'Panama Papers'. Antes terão ficado com o 'Swissleaks', o 'Luxleaks', com as comissões de inquéritos do BPN ou do BES.
O centrão em Portugal vai de choque em choque a caminho do nada fazer", condenou.