Segundo explicou aos jornalistas o presidente do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do centro e sul de Portugal, António Mariano, os trabalhadores que optaram por não fazer greve começaram a trabalhar às 09:00 e terminavam o turno de oito horas às 17:00, concluindo assim a saída de contentores do Porto de Lisboa.
Entre as 17:00 e as 18:00, os estivadores começaram a desmobilizar e já foram poucos os protestos a cada saída de contentores do terminal. A força policial também deixou o local pela mesma hora.
Desde manhã que os estivadores em greve estavam concentrados à entrada do Porto de Lisboa, depois de a PSP ter enviado uma equipa de várias dezenas de elementos para o local, para acompanhar a saída de contentores retidos há cerca de um mês naquele local, quando os estivadores começaram a greve.
Nestas nove horas de protesto, os estivadores manifestaram-se repetidamente quando um camião carregado com contentores deixava o terminal, insultando os condutores, assobiando e batendo palmas.
"Não sei se isto se vai repetir. Isto que aconteceu aqui hoje foi uma encenação. Chamaram polícias e, com os 'fura greves', conseguiram fazer sair duas dúzias de contentores. Isto é para passar uma imagem para o exterior de que somos os maus da fita", disse António Mariano à agência Lusa.
O presidente do sindicato classificou de "terrorismo psicológico" e "atentado ao Estado de direito" o anúncio do despedimento coletivo e a presença da PSP no Porto de Lisboa para acompanhar retirada de contentores retidos.
Os operadores do Porto de Lisboa vão avançar com um despedimento coletivo por redução da atividade, depois de o sindicato dos estivadores ter recusado, na sexta-feira, uma nova proposta para um novo contrato coletivo de trabalho.
Na proposta, a que a Lusa teve acesso, a AOPL - Associação dos Operadores do Porto Lisboa comprometia-se a "encontrar uma solução relativamente ao futuro da empresa de trabalho portuário Porlis", cuja extinção era uma das reivindicações dos sindicatos. Em contrapartida, o sindicato ficava obrigado a desconvocar de imediato as greves declaradas e a concluir um novo contrato coletivo de trabalho no prazo máximo de 15 dias.
"A partir de hoje, não é só o direito à greve que está em causa, mas o Estado de direito. Numa situação de greve, chega-se com a Policia de Intervenção, viola-se o direito à greve e retira-se daqui as matérias que nós não movimentamos porque não estão cobertos pelos serviços mínimos", sublinhou o sindicalista.
A última fase de sucessivos períodos de greve, que se iniciou há três anos e meio, arrancou a 20 de abril com os estivadores do Porto de Lisboa em greve a todo o trabalho suplementar em qualquer navio ou terminal, isto é, recusam trabalhar além do turno, aos fins de semana e dias feriados.
De acordo com o último pré-aviso, a greve vai prolongar-se até 16 de junho.