A informação consta do relatório semanal do BNA, libertado hoje, sobre a evolução dos mercados monetário e cambial entre 31 de outubro e 4 de novembro, contrastando com os 213,2 milhões de euros da semana anterior e aumentando pela segunda semana consecutiva.
Segundo o documento, consultado pela Lusa, as divisas disponibilizadas - mantêm-se exclusivamente em euros desde março -, em vendas diretas equivalentes a 309,9 milhões de dólares, destinaram-se sobretudo a cobrir operações do setor petrolífero (92 milhões de euros) e a garantir as necessidades da indústria (84,7 milhões de euros), além de distribuir 13,4 milhões de euros para pagamentos das companhias aéreas.
Várias transportadoras aéreas, incluindo a portuguesa TAP, queixam-se de avultadas verbas em kwanzas retidas em Angola, que não conseguem repatriar, devido à crise cambial que o país atravessa.
Ainda na primeira semana de novembro, e para empresas operadoras de envio de remessas para o exterior do país, foram disponibilizados 2,2 milhões de euros, enquanto as casas de câmbio voltaram a receber moeda estrangeira do BNA, no caso 1,3 milhões de euros na última semana.
Foram ainda garantidas operações de viagens, ajuda familiar, saúde e educação (17,9 milhões de euros), a cobertura de cartões de crédito (17,9 milhões de euros), necessidades do setor dos transportes (11,5 milhões de euros) e do setor das pescas (9,9 milhões de euros), entre outros.
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu inalterada, nos 166,722 kwanzas por cada dólar e nos 186,276 kwanzas por cada euro.
Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, cada dólar norte-americano custa à volta de 500 kwanzas.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade e a revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016.
A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.
A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.
O BNA informou a 22 de julho que está a trabalhar com os bancos comerciais numa "melhor programação na venda de divisas" para "repor de forma gradual, programada, organizada e prudente" as necessidades de todos os setores da economia.