"Depois da grande festa do anterior Governo caíram o BES e o Banif"

O ministro das Finanças, Mário Centeno, acusou hoje o anterior Governo de ignorar os problemas na banca, destacando que, apenas três semanas depois da saída da troika, caiu o BES e mais tarde o Banif.

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Lusa
26/04/2017 11:14 ‧ 26/04/2017 por Lusa

Economia

Centeno

"A saída limpa só durou três semanas. Depois da grande festa e do relógio [para o fim do programa de resgate financeiro internacional] que publicitaram, caiu o BES, caiu o Banif, a CGD não tinha capital, o BPI tinha dificuldades e o BCP não conseguia pagar os CoCo [obrigações convertíveis]", afirmou o governante.

Segundo Centeno, que falava na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD), nessa altura - a 'troika' (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) saiu no verão de 2014 - "não se conseguia atrair capital estrangeiro para Portugal", algo que "mudou" com o atual Governo socialista.

Quanto à recapitalização do banco público, o ministro considerou que "o PSD ainda não percebeu a complexidade deste processo" e que "é muito fácil perceber" porque não entende, uma vez que "não o fez".

E realçou: "A CGD esteve quatro anos sem estratégia e sem plano. O que aconteceu foi só isso. Os senhores não sabiam se queriam uma caixa pública, ou privada, ou assim-assim. Quem não sabe o que quer não pode ter um plano para a CGD. E não havia".

De resto, Centeno assinalou que "o desvio na execução do plano que estava comprometido entre o [anterior] Governo português e Bruxelas era evidente" e que esta "não era uma situação virgem porque no Banif passava-se a mesma coisa".

O governante reforçou que "os planos não estavam a ser cumpridos e era urgente fazer alguma coisa. Essa coisa era a recapitalização".

O titular da pasta das Finanças vincou que "um processo de capitalização não é ir comprar três carcaças", reforçando que "a CGD estava a seguir o caminho do Banif porque não estava a cumprir o plano".

De acordo com Centeno, as grandes prioridades do atual executivo passaram por "garantir que não havia resolução da CGD, e que o processo fosse feito sem ajuda de Estado para garantir que a CGD ficasse pública".

"Nada disto foi conseguido pelo anterior Governo, tudo foi conseguido por este Governo. E por isso a CGD está hoje capitalizada com níveis adequados à sua função de maior banco nacional e capaz de garantir o plano de negócios que adotou", salientou.

E voltou ao ataque ao Governo Passos Coelho: "A vertigem de não fazer nada, quando se vê alguma coisa a ser feita, gera confusão. Foi isso que tentaram este tempo todo, mas falharam, porque o Governo teve sucesso".

Quanto aos resultados de 2016, marcados pelo prejuízo de 1.859 milhões de euros, Centeno considerou que "os resultados de 2016 refletem um conjunto de operações que foram reconhecidas na CGD e que resultam de um conjunto de decisões que trouxeram perdas potenciais para a CGD".

Para Centeno, que respondia a questões lançadas pela deputada do PSD Margarida Balseiro Lopes, se a parlamentar "estava convencida que se podia fazer uma limpeza assética sem impacto nos balanços dos bancos, está muito enganada".

Isto, porque "quando a economia atravessa uma recessão deste tamanho há sempre impacto", acrescentou.

"Também houve com certeza más decisões na CGD. A anterior administração nomeada pelo anterior Governo não conseguiu apresentar um plano de risco que convencesse os supervisores", exemplificou, acusando o anterior Governo PSD/CDS de ter deixado a CGD "sem plano, sem estratégia e sem capital".

Ora, segundo o governante, "não há nenhum banco que consiga resultados neste contexto".

E reforçou: "Não é possível querer fazer o processo que os senhores fizeram em Portugal e esquecer que há um setor financeiro em que tudo vai ter repercussões".

Sobre o plano de redução da capacidade instalada do banco estatal no mercado português, Centeno disse que o mesmo está "em curso" e que não implica despedimentos, mas sim rescisões voluntárias e um programa de pré-reformas.

Já o "ajustamento do número de agências está incluído no contexto de redução de custos", justificou, frisando que "a CGD tem que gerar resultados" e que "o capital colocado na CGD foi o necessário para garantir o retorno do investimento que o Estado fez".

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