Há quase uma década foi confeccionado o primeiro artigo da Deficiprodut: um porta-chaves em couro com a imagem (que viria a ser o logótipo da empresa) de uma pessoa deficiente numa cadeira de rodas. Daí em diante, a Deficiprodut, de Ovar, dedicou-se à produção de outros pequenos objectos em pele para uso quotidiano, chegando a empregar mais de 40 pessoas, todas com algum tipo de deficiência física ou mental, e a facturar quase um milhão de euros.
Mas, e apesar de considerada um exemplo de sucesso nacional ao nível da inserção de deficientes na vida activa, incluindo pelo próprio Presidente da República, e distinguida com vários prémios, a Deficiprodut enfrenta agora a falência, revela hoje o Jornal de Negócios, acrescentando que, curiosamente, a Segurança Social “foi o único credor que não aceitou o plano de recuperação” apresentado pelo fundador Aristides Santos.
“Tivemos de reformular a empresa e despedir metade dos trabalhadores, somos actualmente 13, pelo que agora, caso o plano fosse aprovado, estaríamos em condições de começar a cumprir com os credores”, mas porque a Segurança Social, dona dos cerca de 600 mil euros de créditos reconhecidos em sede de Processo Especial de Revitalização (PER), condicionou a sua aprovação, o destino é “a insolvência, a liquidação, a falência, não há outra solução. São 17 perdidos”, lamenta Aristides Santos, em declarações ao Jornal de Negócios.
Ainda assim, a principal preocupação do fundador da Deficiprodut são os seus trabalhadores. Que vão agora “para o desemprego”. Pô-los “a trabalhar outra vez” ou “então ensiná-los a garantir dinheiro” é o seu actual objectivo.
“Sempre fui contra os donativos. Quem quer vencer tem que trabalhar. Por isso, se alguém quiser investir em nós, acreditar em mancos, pode ter a certeza que nunca iremos deixar o investidor ficar mal”, assegura Aristides Santos.