No relatório semanal de economia e mercados divulgado hoje, o departamento de estudos do Montepio afirma que reviu em baixa a previsão para o défice de 2017, de 1,4% para 1,2% do PIB, adiantando que "não coloca de parte a possibilidade de o défice poder ficar ainda abaixo deste valor".
Os economistas do Montepio justificam esta revisão em baixa da previsão do défice orçamental não só com os dados, em contabilidade nacional, de um défice de 0,3% do PIB até ao terceiro trimestre, divulgado na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), bem como "pelas indicações positivas dadas pelos números da Direção-Geral de Orçamento (DGO) na ótica da contabilidade pública, já disponíveis até ao mês de outubro".
Na quarta-feira, a DGO divulga a síntese de execução orçamental, em contabilidade pública (a ótica de caixa), até novembro.
"Mas centrando-se essencialmente na informação sobre as administrações públicas, o respetivo défice registou, como referido, uma diminuição de 1,2 pontos percentuais no ano terminado no terceiro trimestre, relativamente ao trimestre anterior, atingindo 0,1% do PIB, representando o défice mais baixo desta série do INE (iniciada em 1999) e, de resto, de toda a história democrática de Portugal (o anterior saldo mais elevado observou-se, de acordo com séries anuais mais longas, em 1973, quando se observou um excedente de 1.7% do PIB)", destacam os analistas.
O Montepio recorda também o valor do saldo orçamental do terceiro trimestre (entre julho e setembro), que se situou em cerca de 1.256,1 milhões de euros, correspondendo a 2,6% do PIB, "representando o maior saldo da atual série do INE, sendo que, quando comparado com o trimestre homólogo, representa uma melhoria de saldo de 4,7 pontos percentuais (-2,1% no 3.º trimestre de 2016)".
"Tratam-se, assim, de indicações bastantes positivas para a evolução do défice orçamental no conjunto do ano 2017, vindo, de certa forma, ao encontro das declarações mais otimista do primeiro-ministro, que referiu, no dia 21 de dezembro, que o défice orçamental ficaria abaixo dos 1,3% do PIB", afirmam os economistas.
Para os analistas, e atendendo aos dados agora divulgados pelo INE, esta é uma estimativa "bastante realista".
O Montepio reviu em baixa também a estimativa para o défice orçamental do próximo ano: de 1,2% para 1,1%, alinhando-a, assim, com a do executivo, que estima que, com as medidas para resposta, prevenção e combate aos incêndios, o défice deverá ser 1,1%.