"É verdade que este é o maior crescimento dos últimos 17 anos, mas não se deve deitar foguetes, por várias razões. Em primeiro lugar, 2017 foi também o melhor ano da economia mundial dos últimos 10 anos, o facto de no caso português ser o melhor dos últimos 17 não tem a ver com ele ter sido especialmente bom, mas porque já antes da crise a economia nacional estava estagnada", refere o fórum na nota de conjuntura de fevereiro.
Os autores da nota referem que o valor de 2017 (crescimento de 2,4% em termos homólogos) foi assim "empolado pelo péssimo desempenho do primeiro semestre de 2016, quando os investidores se retraíram em consequência da reversão de contratos pelo novo Governo".
"Ao contrário do que os números oficiais indicam, a procura interna continua com um contributo diminuto para o crescimento do PIB, tendo mesmo sido afetada no quarto trimestre pela forte desaceleração do investimento, em todas as suas componentes, o que não é favorável para o futuro", referem.
Foi a aceleração das exportações que permitiu que o PIB não desacelerasse em termos homólogos, sinaliza o Fórum para a Competitividade.
Assim, em 2017, repetiu-se o que vinha acontecendo desde 2012: "um nível insuficiente de investimento, que nem chega para compensar o desgaste de material, o crescimento de 2017 teve fraca qualidade, estando associado a uma queda da produtividade, o oposto do que deveria estar a acontecer", refere.
Assim, para o Fórum para a Competitividade, "2017 não é o início de um novo período de prosperidade, já que a generalidade das instituições (FMI, Comissão Europeia, OCDE, Banco de Portugal, etc.) aponta para uma desaceleração sucessiva da economia, não há qualquer sinal de que o potencial de crescimento da economia tenha subido, devendo manter-se em níveis baixíssimos, em torno de 1,5%".
Um sinal de subida de potencial de crescimento seria um acelerar do crescimento da produtividade, enquanto o que se passa é o oposto, sublinhou.
Sobre o mercado laboral, o Fórum refere que "se um forte crescimento do emprego é motivo de regozijo, a sua conjugação com um muito menor crescimento do PIB é motivo de preocupação, porque significa uma diminuição da produtividade média ao inverso do que se deveria estar a passar".
"Pior ainda, o diferencial entre ambos está a alargar-se, ou seja, a produtividade está agora a cair mais", avisa.