"Os pais estarem presentes numa marcha LGBT é fundamental"

Rui Maria Pêgo esteve à conversa com Fátima Lopes no programa 'Conta-me como És', onde entre os muitos temas abordados esteve a orientação sexual do comunicador, que já se assumiu publicamente homossexal.

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Notícias Ao Minuto
27/07/2019 18:24 ‧ 27/07/2019 por Notícias Ao Minuto

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Rui Maria Pêgo

Atualmente no programa ‘A Tua Cara Não Me É Estranha’, da TVI, aos domingos à noite, sendo um dos jurados, Rui Maria Pêgo esteve este sábado no ‘Conta-me como És’ à conversa com Fátima Lopes.

O comunicador recordou alguns momentos da sua infância e percurso profissional, sem esquecer a sua luta pública pelos direitos LGBT. O apresentador e locutor já se assumiu publicamente homossexual e faz questão de marcar presença nas marchas. Aliás, destaca o quanto esta luta é importante para todos.

As lutas LGBT são muito importantes porque essa luta é também a luta das mulheres, é a luta contra o racismo… É a luta de todos. Uma marcha é importante porque é o momento para estarmos todos juntos. É preciso haver um Pride porque há pessoas que são assassinadas. Ainda há poucos dias um miúdo, de 17 anos, foi espancado em Coimbra por três homens. Os pais estarem presentes num momento como uma marcha LGBT é fundamental para dar a sensação de que os filhos são protegidos. As famílias são fundamentais”, disse.

A sua vida e carreira nem sempre contou com momentos altos, pois o facto de ser filho de duas grandes figuras públicas, Júlia Pinheiro e Rui Pêgo, teve influências boas e más.

É muito importante não pedirmos desculpa por sermos quem somos e eu tive essa dificuldade. É sempre difícil seres filho de alguém que é reconhecível de alguma maneira. Esta coisa de haver sempre uma leitura sobre ti é injusta”, desabafou, recordando a sua infância. “A dada altura queria ser só uma criança, não queria ter que estar preocupado com o que é que as outras pessoas achavam e aos dez anos já estava preocupado com isso. A primeira vez que entrei no quadro de honra na escola disseram-me que só entrei porque era filho da minha mãe. Lembro-me de estar na varanda agarrado ao meu cão preocupado a pensar: será que só foi mesmo por isso? Foi o primeiro sítio de dúvida. Eu consigo perceber. Nós vivemos num país muito corrupto, que facilita bastante, e eu usufruo à partida desde criança de um protagonismo extra. Isso é um privilégio e um problema, sem dúvida”, continua, referindo de seguida a vontade que tem de viver noutro país “para ter uma experiência completamente distanciada de tudo”.

“Não quer dizer que as pessoas me ataquem na rua, não é nada disso, mas há muito tempo que sei o que é que é ter que ter uma persona pública. Por isso é que esta minha luta pela autenticidade, pelo espaço e pela voz teve que ser eu a arranjar a minha voz, eu a arranjar o meu tempo. E tive a sorte que isso fosse possível”, acrescenta.

Assumir-se homossexual em público não foi uma decisão fácil e “há muito que o queria fazer”. “Esperava que tivesse impacto, não esperava era que fosse capa de jornais, [...] mas neste caso ainda bem porque de outra forma não chegaria a tanta gente. Ainda hoje recebo mensagens por causa disso”, revela.

Hoje, Rui sente que uma das suas missões enquanto voz ativa e pessoa conhecida é “proteger e ajudar a que a comunidade LGBT tenha espaço para poder existir”. Mas não deixa de confessar o medo que sentiu na altura em que assumiu a sua orientação sexual, até porque "trabalhava numa rádio católica". "Pensei que se calhar ia ser despedido porque não há ninguém que faça rádio que seja assumido publicamente". 

"Fui dissuadido muitas vezes e perdi trabalhos, tenho a certeza. Perdi oportunidades de trabalho porque havia a leitura de que eu era gay mas não falava, não dizia. [...] Sei que isso aconteceu frequentemente e provavelmente não tive algumas oportunidades por causa disso. Isso significa que tinha que haver uma mudança não só na minha vida como na vida de todos. E nesse aspeto tenho que dizer publicamente que o Goucha para mim é uma inspiração tremenda. Ele é maravilhoso. Não só é o melhor apresentador como é de uma coragem e uma elegância a fazê-lo… E foi muito importante”, admite.

Como é habitual, durante o programa foi recebendo algumas mensagens das pessoas mais próximas, entre elas as irmãs e o pai.

Depois de ouvir as palavras do progenitor, Rui recorda: "senti sempre que pude ser o homem que quis. Não houve ali uma coisa de que tens que ser um homem desta forma… Visto o que quero, comporto-me como quero. Sempre foi um fã do meu talento e da minha voz. Tem sido muito engraçado vê-lo gerir os disparates que vou fazendo”, confessa.

A mãe, que atualmente está na estação rival, SIC, também foi mencionada e Rui fez questão de afirmar que a progenitora é “maravilhosa”.

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