Em total desacordo com a petição pública criada para impedir que a deputada do Livre, Joacine Katar Moreira, tome posse na Assembleia da República, o ator Filipe Vargas resolveu publicar na página do Facebook ‘Feministas em Movimento’ um texto onde manifesta a sua opinião sobre o que está a acontecer.
“Há uma petição para impedir que a ‘impatriota’ Joacine Katar Moreira tome posse como deputada na Assembleia da República. (…) E por quê? Porque é mulher? Porque é preta? Porque é gaga? Não. É porque alguém levou uma bandeira da Guiné-Bissau para os festejos da eleição de Joacine”, começa por relatar, explicando depois que, na sua opinião, este é um gesto que não nada tem de ‘impatriota’.
“E porquê? Porque, como Joacine nasceu na Guiné e tem família guineense, alguém, possivelmente também guineense, resolveu festejar dessa maneira, o que me parece absolutamente natural e legítimo”, defende.
“É aqui que estamos, neste sítio esquisito em que o racismo sai à rua sem pudor. Abstenho-me de transcrever os comentários obscenos que acompanham a dita petição, mas aconselho a sua leitura para que se perceba que assim como a eleição de André Ventura é um atentado à nossa Democracia, a eleição de Joacine pode ser a sua salvação. Isto porque a nossa Democracia está assente em valores que estão plasmados na nossa Constituição e, os que a invocam para atacar Joacine, são os únicos a desrespeitá-la”, escreve ainda, passando a mostrar a sua indignação com o facto de também a gaguez de Joacine estar no centro da polémica.
“Mas a coisa não para por aqui. Até piora, porque o maior ataque feito a Joacine é pelo facto de ser gaga. Isso mesmo. É aqui que estamos, neste sítio esquisito em que a ausência de respeito pelo próximo sai à rua sem pudor. Sucedem-se as piadas e o gozo escancarado e até se alimentam teorias da conspiração de que é uma falsa gaga. Acontece que, caros subscritores da petição, isto também é inconstitucional”, realça.
Por fim, este descreve a deputada do Livre como “uma voz contra o racismo, a xenofobia, a discriminação de género e tantos outros problemas que, por não terem o eco que deveriam ter, conduziram a este ponto de situação”.
Veja abaixo o texto completo: