Dalila Carmo é uma das protagonistas da novela da TVI - 'Na Corda Bamba', história que tem vindo a agarrar os telespetadores ao pequeno ecrã. A atriz dá vida à vilã Lúcia Lobo, que apesar da sua malvadez, tem vindo a colecionar fãs desde a estreia da trama.
"Cada pessoa interpreta como quer, isso é o bom da ficção, nós não fechamos leituras, é bom deixar essas ambiguidades para o espetador e não ficarmos presos a elas. Sempre fui bastante clara em relação às características da Lúcia. Não tenho qualquer dúvida que tudo é um meio para atingir um fim e que ela um dia é uma coisa, outro dia é outra", sublinhoy.
A despedida de Pêpê Rapazote
No dia em que Pêpê Rapazote se despedia do projeto, uma vez que gravou as suas últimas cenas, Dalila não deixou de demonstrar a cumplicidade que a unia ao colega e amigo com quem contracenou ao longo dos últimos meses.
Construí a minha Lúcia em conjunto com o Pêpê e, portanto, há uma parte que morre com ele"Construí a minha Lúcia em conjunto com o Pêpê e, portanto, há uma parte que morre com ele. Nestes processos de gravações estamos preparados para que tudo o que possa acontecer e temos sempre essa porta aberta para a mudança. Em termos pessoais é triste porque criamos cumplicidades, são muitos meses de trabalho", referiu.
As exigências de Lúcia...
Dalila entrega-se por completo a todos os projetos que integra e com esta personagem não tem sido diferente. Tal como a artista partilhou com os jornalistas, o esforço chega a afetar o seu bem estar físico e psicológico, tal é a exigência do papel.
Ser protagonista de novela é a tarefa mais difícil e talvez inglória que um ator pode ter"Sabia que este me ia sair do pêlo, mas começa a ser particularmente doloroso a partir do quarto/quinto mês. É quando começa a doer mais no corpo. O cérebro começa a ficar débil, a não ter as mesmas defesas e a mesma capacidade de resposta. Realmente é muito difícil gravar entre 100 a 200 páginas por semana, não vou negar. Ser protagonista de novela é a tarefa mais difícil e talvez inglória que um ator pode ter, [porque] o grão de frustração e insatisfação ao fim do dia não posso dizer que é baixo", confessou.
Entretanto, explicou o porquê da referida "frustração": "Sou perfecionista, gosto de repetir as coisas até à exaustão, gosto que as cenas fiquem bem e é difícil a esta velocidade e já com muitos meses em cima do corpo correspondermos da forma como gostaríamos. É óbvio que é sempre o nosso padrão de exigência e o público vai ter sempre uma opinião diferente da nossa, porque não sabe a amplitude que a cena possa ter. No meu caso, que gosto de pintar as cenas com o maior número possível de tonalidades, começo a ficar um bocadinho frustrada".
O acidente que não a impediu de continuar a gravar...
Em novembro do ano passado, Dalila fez uma publicação onde aparecia de muletas, dando conta de uma lesão. Ainda assim, tal não fez com que a atriz não cumprisse a agenda de gravações estipulada para essa semana.
Gravei 32 cenas a seguir à entorse do pé "Não parei, devo ter entrado para o Guinness [diz, na brincadeira]. Gravei 32 cenas a seguir à entorse do pé. Foi muito caótico, porque pensei que tinha partido, mas felizmente não parti. Estava no hospital quase a obrigar o médico a dizer-me que não tinha partido o pé, porque tinha de gravar mais 52 cenas nessa semana. Gravei durante muito tempo sentada", revelou, dando ainda conta do receio em que os espectadores reparassem nisto.
"Durante três semanas e um mês fui à fisioterapia às 7h ou então às 21h, que era quando conseguia ir. Foi intenso, estava dia sim, dia não na fisioterapia, agora tenho ido menos, mas foi complicado. Durante duas semanas estive sempre sentada em cima de um banco a fazer de conta que estava de pé", acrescentou.
'Na Corda Bamba' - um desafio que a marcará para sempre
Pronta para dar sempre o seu melhor, tendo em conta o ritmo de gravações, Dalila ainda nos falou da noção em como as coisas nunca ficam perfeitas como desejaria. "Acho que o espectador honesto vê o trabalho honesto. A minha única preocupação é realmente dar 100%, se calhar até um bocadinho desfasado, porque toda a gente me diz ‘já sabes como é que funciona o produto, como é que é a máquina’. É realmente um produto ao qual os nossos preciosismos têm de se adaptar. Só consigo dormir com a consciência tranquila quando as cenas foram ao limite e isso é uma missão pessoal".
Acho que esta é a melhor novela que eu já fiz "Acho que esta é a melhor novela que eu já fiz. Adorei esta história até ao último episódio. É fascinante o delírio em que a Lúcia vive e há opções de história muito surpreendentes, realmente fiquei viciada", completou, acrescentando que ficou igualmente feliz com o final de Lúcia na novela.
O merecido descanso
Depois de meses intensos de trabalho, durante os quais diz ficar muito isolada, é com grande expectativa que a atriz aguarda o final das gravações para poder usufruir do merecido descanso.
Vou-me embora, nem que faça fisioterapia fora daqui. Quero parar, quero fazer um grande reset na cabeça Apesar de não ter em mente um destino em concreto, de uma coisa Dalila tem a certeza: "Vou-me embora, nem que faça fisioterapia fora daqui. Quero parar, quero fazer um grande reset na cabeça".
Sou como a Florbela Espanca, tenho saudades do futuro"Gosto de viver um dia de cada vez. Há pessoas que ficam mais tranquilas se souberem o que é que vão fazer daqui a três anos, eu fico com uma certa fobia. Vai ser difícil o último dia? Não, nunca é. Chego ao último dia tão cansada que acaba praticamente sempre com um desmaio, é óbvio que vou sentir muitas saudades das pessoas, mas eu sou como a Florbela Espanca, tenho saudades do futuro", concluiu.
