"Uma reação foi injusta, desagradável e dificilmente me vou esquecer"

Estivemos à conversa com Cláudio Ramos.

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Mariline Direito Rodrigues
13/03/2020 09:20 ‧ 13/03/2020 por Mariline Direito Rodrigues

Fama

Cláudio Ramos

Faltam 10 dias para a estreia do 'Big Brother', programa que será conduzido por Cláudio Ramos, afigurando-se desta forma como um dos seus maiores desafios a nível profissional. O Fama ao Minuto esteve à conversa com o apresentador que se confessou ansioso com a chegada do projeto, apesar de estar confiante e disposto a lutar pelo formato. 

Como é que está a viver toda esta situação relacionada com o a pandemia do novo coronavírus?

Estou assustado como qualquer cidadão deve estar neste momento. Estou preocupado, ansioso, mas sem histerismos, porque acho que não vale a pena neste momento. É o mundo a acontecer, a mostrar que somos mais frágeis do que aquilo que imaginamos, que podemos ficar vulneráveis a qualquer momento. 

Vai haver algum tipo de alteração no formato do 'Big Brother' com esta questão?

Têm-me perguntado se o programa vai ter público, por exemplo. Acho que é muito melhor um bom programa de televisão com as pessoas em casa. Não é justo que se coloque a saúde em risco, seja de quem for, para se ter uma plateia no programa. Se o programa não tiver espectadores será igualmente bem feito. Nenhum programa por muito bom que seja, independentemente da aposta grandiosa, merece que a vida seja de quem for seja posta em risco. 

É difícil viver tudo isto sem te abstraíres de tudo o que está a acontecer no mundo  Está nervoso com a estreia?

Ainda não estou bem nervoso, tenho a capacidade de ficar nervoso depois de as coisas acontecerem, é uma coisa estranha. Há muita expectativa em relação àquilo que vai acontecer. Tenho esta coisa: vou estrear um grande formato, numa estação nova, mas ao mesmo tempo o mundo está como está. É difícil viver tudo isto sem te abstraíres de tudo o que está a acontecer no mundo. Quero muito fazer um bom programa e estou focado nisso. 

Não sinto pressão, sinto responsabilidade Sente uma pressão acrescida por esta ser uma das grandes apostas da TVI na luta pelas audiências?

Na prática o meu papel é: vou fazer muito bem independentemente dos valores e dos resultados. Na teoria, apesar de a direção me ter colocado muito à vontade e me ter dito que não tenho de viver debaixo de nenhuma pressão, acabas por pensar que esta é uma grande aposta num grande formato. E a verdade é que eu quero que agite a antena de qualquer maneira, que a dinamize. E se for preciso irmos à luta vamos para fazer o melhor. Não sinto pressão, sinto responsabilidade.

Ficou tudo resolvido, não há nenhum stress, todos me perguntam a mesma coisa. A Cristina e o Cláudio amigos continuam iguaisE como é que está a sua situação com a Cristina? Ficou tudo resolvido?

Ficou tudo resolvido, não há nenhum stress, todos me perguntam a mesma coisa. A Cristina tem o programa dela e ficou a fazê-lo na estação de televisão onde trabalha e o Cláudio, que é seu amigo, abraçou um outro projeto e seguiu em frente. A Cristina e o Cláudio amigos continuam iguais. 

Disse também que quando foi para a TVI tomou essa decisão sozinho. Arrepende-se de o ter feito dessa forma?

Não, não me arrependo nada. Tinha de ser sozinho mesmo. Tenho 46 anos, não cheguei cá ontem. Se contasse, alguém iria influenciar a minha escolha. Pensei sozinho e não me arrependi nem um minuto de o ter feito, como não me arrependi da escolha daquilo que quero para a minha carreira. 

Apenas uma reação foi injusta, desagradável e dificilmente me vou esquecer  Quando a sua decisão foi comunicada muitas reações surgiram. Estas surpreenderam-no mais pela positiva ou pela negativa?

Houve apenas uma reação que me surpreendeu pela negativa, obviamente não vou dizer quem foi, mas da qual não me vou esquecer durante muito tempo. Não estava à espera. Mas a da maioria, 99% das pessoas, foi muita positiva, ainda que tenham estranhado no início porque não estavam à espera. Fui muito bem recebido na TVI por todos os meus colegas, as caras da estação. Quase todos me enviaram mensagens, aliás, na SIC a mesma coisa. Podem ficar sem mim mas entendem que é um desafio, um passo em frente. Apenas uma reação foi injusta, desagradável e dificilmente me vou esquecer. Mas como diz a minha mãe as ações ficam para quem as pratica. 

Injusta em que sentido?

Injusta na forma como a pessoa reagiu à minha saída. Não estou a falar nem da Cristina, nem do Daniel Oliveira. O Daniel reagiu como reagiria um diretor de programas, com o maior profissionalismo e despedimo-nos com um até já e um abraço, e com a Cristina a mesma coisa, não há nenhum problema. 

Estando o Cláudio numa das melhores fases da sua carreira era expectável que acontecesse nesta altura ou acha que poderia ter surgido mais cedo?

Tenho 46 anos, tudo o que me acontece agora é fruto de um trabalho que fiz há muito tempo. As pessoas às vezes não têm noção do meu caminho todo. Não me caiu do céu. Se me poderia ter acontecido há cinco anos, podia, mas não tinha a maturidade profissional que tenho agora para tomar a decisão e agarrar o momento. 

Sempre trabalhei de acordo com o que queria fazer, nunca fui obrigado a fazer nada do que não quisesse fazer. Nunca me senti escravo na profissão  Há pessoas que afirmam que no mundo da televisão ou há escravos ou há estrelas. Considera esta afirmação correta?

Não acho nada isso. Nada, nada, nada. Desde há dois anos para cá, o interesse no Cláudio Ramos aumentou imenso, mas o Cláudio já trabalhava há mais tempo. A imprensa ou coloca alguém para cima ou para baixo. É ela que transforma alguém aos olhos da indústria a estrela. O público pode gostar tanto de quem faz prime-time, de quem apresenta a meteorologia, de quem apresenta o Jornal das 8. Sempre tive o carinho do público em todos os horários em que estive.

Se me falarem de valores, porque uns ganham mais e outros menos, isso tem a ver com a valorização do mercado, com a dinâmica que a antena tem. Sempre trabalhei de acordo com o que queria fazer, nunca fui obrigado a fazer nada do que não quisesse fazer. Nunca me senti escravo na profissão. 

Os amigos são os mesmos e nós sabemos quem são. Não sou uma pessoa que facilmente se deixe de deslumbrar por ter muita gente à volta Nunca sentiu preconceito por trabalhar com famosos?

Não, não, porque no princípio nem foi pensado porque comecei por outro caminho. Quando vi que havia um buraco, uma lacuna para preencher - e isto é a esperteza de quem está no meio - aproveitei-a. Fui pioneiro e ninguém faz da mesma maneira que eu. A partir de certo momento também me deixou de dar prazer fazer isso, porque também te esgota e cansa e tens de crescer intelectualmente e como profissional.

Nesta altura do campeonato, os amigos aumentaram ou diminuíram?

Os amigos são os mesmos e nós sabemos quem são. Podem estar mais pessoas ou menos ao pé de ti. O que diminuiu drasticamente foi o tempo para estar com eles. Sei onde estão, com quem posso contar, a quem posso ligar. Não sou uma pessoa que facilmente se deixe de deslumbrar pelo facto de ter muita gente à volta. 

Não me faz diferença nenhuma que as pessoas achem que é ‘televisão de lixo’ Uma vez que vai apresentar o ‘Big Brother’, este é um programa que explora a intimidade das pessoas. Para as pessoas que consideram ‘trash TV’, como é que defenderia o formato?

É muito fácil de defender, estive dentro dele há 18 anos. Fui concorrente e adorei a experiência. Identifico-me muito com o formato, vi o brasileiro, o espanhol… não me faz diferença nenhuma que as pessoas achem que é ‘televisão de lixo’, não me faz diferença nenhuma, eu gosto. Mas também passei uma vida inteira a ouvir dizer que não se falava de famosos em televisão e agora toda a gente fala e toda a gente quer ver. É um formato de entretenimento. Eu estive lá dentro, o meu irmão esteve lá dentro e é uma coisa que não me incomoda nada.

E há limites neste formato?

Eu serei os olhos dos concorrentes e a voz do espectador cá de fora. Quero que os concorrentes me digam as coisas que quem está cá fora quer saber e não vê ao longo das 24 horas. Quero estender a mão para que eles tenham com quem possam conversar, resolver conflitos, ser uma espécie de amigo com quem possam contar sempre ali. 

E depois do 'Big Brother'?

Não sei. Ainda é mesmo muito cedo. Depois devo querer férias. Não sei mesmo. 

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