Ruy de Carvalho terminou em lágrimas a última exibição antes do atual confinamento da peça de teatro 'A Ratoeira'. As lágrimas do apresentador comoveram quem com ele estava em palco, quem assistia ao espetáculo e levaram a escritora Francisca De Magalhães Barros a partilhar as emoções sentidas naquele dia num texto que está agora a tornar-se viral.
"A CULTURA CHORA! Eu gosto muito do Ruy de Carvalho. Gosto como figura. Gosto como pessoa. Vê-lo em lágrimas, após terminar uma peça de teatro que encerrava 'todo' o sector, foi um murro no estômago prolongado. Eu olho para o Ruy e vejo o teatro. E pergunto: Quanto tempo mais terá o Ruy, para fazer teatro?", começa por ler-se no referido texto, entretanto citado e partilhado também por José Raposo.
"Aquela despedida, de alguma forma, deu-me um frio no estômago. Vejo que sofre por ele, por todos os artistas, pela fome que muitos passam, pelas peças que não vão poder realizar, pelo palco que não vai poder pisar. O teatro chora! O teatro chora... compulsivamente, sem parar, e pergunta: O que me fazem? Porque me abandonam? Porque abandonam toda a cultura que dá vida a este país, agora cinzento? E chora e volta a chorar, escondendo-se atrás de uma grande cortina pesada de veludo! - Não chores teatro, disse-lhe a cultura", continua.
"A mim já me secaram as lágrimas, por agora. Se nós morrermos o país morr.- E se eles nos matarem? - perguntou o teatro.- Se eles nos matarem, como vão resistir sem livros, sem música, sem teatros, ou espetáculos, sem arte ou pinturas, a essência da própria vida? Não percebes, teatro? Se eles nos matarem, estão eles próprios mortos. Sem cultura, não existe vida! E sem vida não existe cultura! Vamos recolher para chorar mas não te esqueças, ninguém nos pode matar", pode ler-se, por fim.
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