Rui Nabeiro foi o grande entrevistado de Daniel Oliveira no programa 'Alta Definição', deste sábado, 27 de novembro. O comendador abriu o coração e falou sobre os assuntos mais pessoais, bem como dos momentos que mais marcaram a sua vida.
"Sonhava em dar estabilidade à minha mãezinha. O filho que estava focado para a vida era eu e estava sempre disponível", referiu, notando que sempre foi muito dedicado ao trabalho e que tinha um grande sentido de responsabilidade.
"Sonhava como é que havia de dar a volta a esta carência e consegui", sublinha ainda, referindo-se à terra que o viu nasceu, Campo Maior, e onde, atualmente, a Delta dá emprego a muitas famílias.
A vida de Rui Nabeiro foi marcada por uma luta intensa desde muito novo. "Entregava todo o dinheiro que ganhava à minha mãe. Como tinha de me levantar às 4h da manhã, não tinha tempo para grandes paródias e para gastar dinheiro", recorda.
"A minha mãe era uma santa, uma pessoa extraordinária. No meu gabinete está sempre à minha frente - tenho uma fotografia. É uma questão de formação, de sermos reconhecidos. Não fui eu que fiz a eles, foi eles que me fizeram a mim", nota, lembrando a importância que os pais tiveram na sua vida.
Apesar de, atualmente, ter o apoio dos filhos e dos netos na empresa, Rui Nabeiro não pensa em reformar-se, acreditando que este é um dos segredos da sua longevidade. "Sou como as outras pessoas, mas mantenho o trabalho", sublinha, referindo que continua a ir à fábrica todos os dias.
"Sou um homem reformado por natureza, servi o tio, servi os pais. Estou na fábrica, se quiser sair, saio. Mas era sempre o primeiro a entrar e o último a sair", evidencia.
Ao entrevistado importa-lhe conquistar a simpatia das pessoas, não deixando ninguém para trás.
Agora, com 90 anos, a principal "saudade" que o empresário sente seria a de "poder viver mais tempo, porque tem amor à vida". "A minha saudade é saúde, é a família", afirma.
Apesar de se deparar com a passagem do tempo, Nabeiro não pensa no fim. "Há que haver coragem e seguir em frente. Coragem, crer e vencer. (...) Queria chegar nas condições que estou aos 100 anos. Agora se estiver doente, a sofrer e a dar trabalho prefiro ir-me embora", confessa.
Questionado ainda sobre o legado que gostaria de deixar, este referiu: "A amizade, o respeito e o carinho. A vida passa a correr e o que desejo que aconteça é que a empresa continue a ser uma empresa familiar, forte e capaz de lutar, servindo a mim, aos meus e aos outros".
"Quero ser uma referência como pessoa. Pus as pessoas a ter trabalho e condições. A gratidão é só um obrigado", adianta, expressando o desejo de ser uma inspiração para as futuras gerações.
"Se me reconhecerem é bom, se me considerarem um exemplo, é melhor", completa.
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