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"Se me der alguma coisa, ninguém me pode acordar. Não quero"

Florbela Queiroz esteve no 'Dois às 10', da TVI.

"Se me der alguma coisa, ninguém me pode acordar. Não quero"
Notícias ao Minuto

12:55 - 12/09/22 por Notícias ao Minuto

Fama Florbela Queiroz

A conversa com Cláudio Ramos e Maria Botelho Moniz começou com as recordações do filho, que morreu no passado mês de maio. Florbela Queiroz destacou que falava muito com Manuel e que "eram iguais".

"Por serem tão iguais de feitio, por isso é que chocavam muito", acrescentou Cláudio Ramos, com a atriz a concordar e a explicar uma zanga que teve com o filho. "E o que aconteceu não teve a ver com ele propriamente, teve a ver com outra pessoa. Ficou tudo sanado. Ele foi ter comigo ao teatro em 2019 e pediu-me desculpa. Foi muito bonito", lembrou.

Florbela contou que falavam todos os dias e que continua a mandar-lhe mensagens para o Facebook a relatar o seu dia. "Já ontem à noite escrevi a dizer que vinha cá", disse. E fá-lo porque "acredita que isto é uma passagem". "Acredito que ele lê, só que não me responde assim, responde de outras maneiras. E responde", confidenciou.

Agora, é o teatro que lhe dá vida. "Se nós não nos agarrarmos a alguma coisa, o que é que estamos aqui a fazer?", destacou. "Não tenho ninguém. Se não tiver o teatro, quero mais é ir-me embora", confessou, continuando a afirmar que "nunca foi uma pessoa feliz".

Ao recordar o dia em que recebeu a notícia da morte do filho, a atriz, que vai completar 80 anos em janeiro, relatou: "Quem me telefonou foi a minha enteada, era muito amiga do irmão. O pai tinha sido operado no Canadá, e ela telefonou-me e disse que tinha uma notícia chata para me dar. Perguntei-lhe se o pai estava pior e ela disse: 'Não, o Manel morreu'. Fiquei [sem reação]. Não chorei, não fiz nada. [Contactei] os meus colegas do teatro e em dez minutos não sei como é que aquela gente toda apareceu em minha casa. E o meu irmão [que vive em Inglaterra] que estava na casa de férias que tem cá em Torres Vedras, apareceu passado uma hora e meia, que foi o tempo de chegar aqui [a Lisboa]. Dormiu cá as duas noites e foi comigo ao funeral".

"Já fiz tudo o que tinha para fazer nesta vida, a única coisa que tenho neste momento é o teatro e se me tiraram isto, então mandem-me embora", frisou, revelando ainda: "E tenho o testamento vital. Se me der alguma coisa, ninguém me pode acordar. Não quero. Não quero cá ficar. Já que não há eutanásia para as pessoas que sofrem, que é um grande disparate, ninguém tem o direito a sofrer. Não me assusta minimamente a morte, assusta-me é estar numa cama dependente ou numa cadeira dependente. E isso é que eu não quero".

Manuel completaria 45 anos esta terça-feira, 13 de setembro, e Florbela Queiroz partilhou: "Tenho de mandar beijinhos para o céu. Mas tem lá os meus pais que lhe dão beijinhos, e o Nicolau [Breyner], que o adorava".

Leia Também: Florbela Queiroz recorda falecido filho. "Que estejas bem"

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