"Entre os próprios artistas, somos um pouco mauzinhos uns com os outros"
Estivemos à conversa com Nuno Ribeiro, jovem artista que se tem destacado na música portuguesa.
© Instagram - Nuno Ribeiro
Fama Nuno Ribeiro
Nuno Ribeiro atirou-se de cabeça em busca de uma oportunidade na música aos 16 anos, quando decidiu participar no ‘The Voice Portugal’. Na altura, ainda menor, falsificou a assinatura dos pais para poder participar. O risco valeu a pena e o cantor conseguiu conquistar rapidamente o apoio da família.
Desde então, tem vindo a construir uma carreira que já conta com vários sucessos. ‘Longe’, ‘O Que Fomos’, com David Carreira, e ‘Tarde Demais’ são alguns exemplos.
Nuno Ribeiro sonha um dia fazer duetos com Luan Santana e Pablo Alborán, mas até lá tem uma série de desafios a superar.
Como é que foram os últimos meses?
Foi primeiro verão mais a sério, o primeiro ano em que realmente soube o que era andar mais exausto, andar na estrada, mas ao mesmo tempo nunca estive tão feliz como agora, porque é uma adrenalina inacreditável.
Já se habituou a ver tantas pessoas juntas quando sobe ao palco?
Nunca nos habituamos, dá-me sempre aquele nervosinho que acho que é bom porque é sinal de respeito. É estranho porque cada pessoa vai reagir ao meu concerto de maneira diferente. Felizmente, as pessoas têm cantado as músicas do início ao fim.
O Nuno que participou no ‘The Voice’, com 16 anos, imaginaria que chegaria aqui?
Sempre acreditei que chegaria aqui, mas uma coisa é acreditar, outra é concretizar. Para além de ter fãs, o que quis sempre era fazer música e fazer disso profissão, para mim isso já é uma vitória.
Como é que aprendeu a cantar?
Não aprendi… [risos]. Guitarra aprendi, estudei durante cinco anos. Sempre cantei desde pequenino, fui-me conhecendo a mim próprio e aos meus limites, mas com esta digressão estou a pensar em começar a ter aulas de canto.
Como é que se apercebeu que cantava bem então?
A minha família diz-me que sempre fui afinado, o meu pai - não profissionalmente - sempre tocou guitarra e piano, chegamos a fazer casamentos e a dar concertos pequenos em família.
Tinha um plano B caso a música não funcionasse?
Quando cheguei ao 12.º ano vi para o que dava a minha média e escolhi Geografia. Durei lá duas semaninhas, foi o tempo de perceber que queria fazer música. A minha família apoiou a 100% e isso foi muito importante.
Falsifiquei uma assinatura da autorização dos meus pais, fui ao casting e só os avisei quando estava nas provas cegas. A partir daí apoiaram.
A ideia de se inscrever no ‘The Voice’ foi do Nuno?
Foi minha, porque meio ano antes concorri ao ‘Fator X’, aquilo que não correu muito bem e nunca passou na televisão, felizmente. Quando decidi inscrever-me disseram-me: ‘Tu és maluco, ainda agora foste a um programa que não correu bem’. Então, falsifiquei uma assinatura da autorização dos meus pais, fui ao casting e só os avisei quando estava nas provas cegas. A partir daí apoiaram.
Porque é que o ‘Fator X’ não correu bem?
Tive alguns problemas técnicos, também escolhi mal a canção. Ponho as culpas em mim [risos]. Não correu mesmo bem...
Cantar em inglês não está nos seus planos, assim como o mercado internacional?
Infelizmente, não sou grande falador de inglês, quando era mais pequeno não me adaptei tanto à língua. Um dos objetivos futuros é tirar um curso intensivo, até para sair de cá e produzir em outros países. Mas agora o foco é Portugal e eu adoro música portuguesa.
Não tem medo de cair no rótulo de músico comercial?
Tudo o que se ouve em demasia torna-se comercial, mesmo que não seja. Também é sinal de que um grande número de pessoas ouve, por isso, ser comercial para mim é positivo e sempre quis ser comercial, por isso, enquadro-me nesse registo.
Quais foram os momentos altos da sua carreira?
Tive dois. Um foi o Multiusos de Guimarães, porque aí as pessoas tiveram de pagar e todos sabemos que é sempre mais complicado quando as pessoas têm de pagar. E agora, recentemente, o ‘Sol da Caparica’, porque foi o primeiro festival em que tive o prazer de ir cantar.
Com a profissão de músico veio a fama. Qual a melhor e a pior parte?
Há alguns artistas que não gostam daquela parte de ter de falar com toda a gente e eu sou muito falador. A única coisa é que qualquer pessoa tem os seus dias menos bons e, às vezes, basta estarmos um pouco mais sérios que já pensam que está a subir alguma coisa à cabeça e não, só estamos um pouco mais tristes. De resto, não tenho muito de que me queixar e para além disso consigo ainda passar um pouco despercebido.
Somos todos humanos, temos profissões diferentes, uns podem ser conhecidos, outros não, mas todos temos dias melhores e piores. E, hoje em dia, os artistas já não são aquelas pessoas intocáveis.
Estou solteiro. Posso estar a ser um bocadinho egoísta, mas neste momento não estou predisposto, sequer, para encontrar um amor.
Então e como está o coração do Nuno? Ocupado?
Estou solteiro. Posso estar a ser um bocadinho egoísta, mas, neste momento, não estou predisposto, sequer, para encontrar um amor. Tive uma relação de muitos anos, infelizmente, acabou. Tenho 24 anos e estou numa fase de construção, tanto a minha carreira, como a nível pessoal. Para já estou 100% dedicado a mim, à minha família, à minha carreira e aos meus.
A Cristina Ferreira propôs-lhe o desafio de criar o hino da TVI. Como foi essa experiência?
Só o facto da Cristina ter pedido isso foi uma motivação extra, depois ela tem uma coisa muita gira: não quer nem para hoje, nem para amanhã, quer para ontem. Isso também cria uma certa pressão que é bom, porque as coisas saem mais rápido, pelo menos, comigo. Enquanto estávamos a falar já tinha um refrão na cabeça.
A Sarita foi das pessoas mais fofinhas, mais ingénuas - às vezes tentávamos explicar que o mundo não era tão bonito como ela pintava.
Também teve a oportunidade de trabalhar com a Sara Carreira. O que ficou dessa experiência?
Há pessoas que, quando partem, aqueles que as rodeavam dizem que eram grandes pessoas, mas aqui é merecido e é 100% verdade, porque a Sarita foi das pessoas mais fofinhas, mais ingénuas - às vezes tentávamos explicar que o mundo não era tão bonito como ela pintava.
Éramos muito amigos, trabalhávamos juntos, estava a compor o EP dela… Estava a fazer esta música inicialmente para ela cantar com um artista brasileiro, aquilo não correu assim tão bem e ela decidiu que íamos cantar os dois. Fizemos, correu muito bem e acho que irá sempre criar uma ligação entre nós. Sou uma pessoa muito espiritual, acredito que isto não acaba aqui e que ela deve estar a ver tudo e estar muito feliz pela família dela continuar a seguir em frente.
Qual foi o melhor conselho que recebeu na sua carreira?
Mais do que um grande sucesso e um grande ano, quero fazer isto para o resto da minha vida, quero reformar-me e ter feito música até aí. Para que isso aconteça é bom manter os pés nos chão, até porque não deixa de ser uma profissão como outra qualquer. Não é achar que isto está garantido e viver só da imagem...
Entre os próprios artistas, somos um bocadinho mauzinhos uns com os outros.
Houve alguma coisa que o desiludiu na música?
Pensava que não havia tanta concorrência e que era possível todos os artistas se darem impecavelmente bem e percebi que não, mas percebi que é normal e que faz parte.
Deixa-me um bocadinho triste porque fala-se tanto de apoiar a Cultura e a música portuguesa, mas depois, às vezes, entre os próprios artistas, somos um bocadinho mauzinhos uns com os outros. Ainda para mais, Portugal é um país tão pequeno, se nos déssemos todos bem, haveria espaço para todos. O que me deixa mesmo mais triste é haver união, mas união entre grupos em vez de ser uma união geral entre toda a gente.
O que diria ao Nuno de 16 anos que participou no 'The Voice'?
Primeiro diria que é uma grande porta que se abre, dá uma exposição mas por um certo prazo, que não é assim tão longo. Para quem concorre, mal saia do programa aconselho que comece a investir em aprender mais. Se não tocar um instrumento é importante aprender. Depois ser focado e trabalhador.
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