D.A.M.A.: "Somos uma banda que vai estar eternamente em Portugal"

O Fama ao Minuto falou com a banda que está a preparar dois concertos intimistas para homenagear o cante alentejano.

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Filipe Carmo
13/02/2023 09:15 ‧ 13/02/2023 por Filipe Carmo

Fama

D.A.M.A.

Três amigos que correm os palcos do país de Norte a Sul. Assim tem sido o percurso dos D.A.M.A. desde 2012, altura em que Francisco Pereira, mais conhecido como Kasha, Miguel Coimbra e Miguel Cristovinho arriscaram mostrar ao público os temas que compunham.

O resultado, esse, é o que já todos sabemos: os 'Deixa-me Aclarar-te a Mente Amigo', a expressão que deu origem à sigla D.A.M.A., tornaram-se numa das bandas de maior sucesso em Portugal. Com o avançar do tempo, os três jovens amigos tornaram-se homens e com eles cresceu também o público que sempre os acompanhou. 

Em junho de 2023, o grupo sobe ao palco do Coliseu do Porto, a 1 de junho, e ao do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a 3 de junho, com um projeto novo e totalmente diferente de tudo o que tem feito até hoje. Depois do sucesso do tema 'Casa', sentiram a necessidade de continuar a homenagear o cante alentejano e foi daqui que nasceu este novo espetáculo, marcado por um registo intimista e que contará também com Buba Espinho e os Amigos do Alentejo.

Foi num ambiente igualmente intimista que o Fama ao Minuto falou com os D.A.M.A.. Os músicos interromperam um ensaio e, sentados no chão com a descontração que os caracteriza, falaram-nos destes dois novos concertos, dos 10 anos de carreira e dos sonhos - sim, porque ainda têm muitos sonhos por concretizar.

Como nasceu a vontade de fazer estes dois concertos com um projeto que é muito diferenciado daquilo que têm dado ao público desde a criação da banda?

Miguel Cristovinho: Ao longo dos anos, conseguimos definir alguns momentos em que decidimos fazer algo diferente do que estávamos a fazer até à data. Os nossos álbuns são todos um bocado isso, marcos que traçaram a mudança na nossa carreira. Este momento em que não existe um quinto álbum, houve um single que deu quase um espectro novo, o 'Casa'. Descobriu-se um mundo novo, uma forma de comunicar diferente, fruto da junção que foi feita entre os artistas e isso deu-nos vontade de mostrar esse mundo novo num concerto. Como é uma coisa muito específica não a vamos fazer na tour inteira, mas quisemos assinalar com dois grandes concertos.

Kasha: A razão maior é a mesma que o nascimento da nossa primeira música: fruto da amizade e da arte. Esta canção surge exatamente disso também.

O 'Casa' surpreendeu o público por ser distinto. Como surgiu este tema?

Miguel Cristovinho: Nós lançámos o último disco e pensámos 'vamos fazer umas músicas e ver o que sai'. A primeira em que pegámos foi numa que tínhamos em gaveta há um ano ou dois, convidámos o Buba Espinho para cantar connosco e fomos para o Alentejo fazer essa música. Era um tema que tinha uma vibe muito tradicional e o Buba, que é um grande amigo nosso, representa bem aquela energia. Essa música foi feita ali, entre o moderno, que trazemos nós, e o tradicional. Este é um mundo novo que não queremos abandonar e não basta só um single, queremos dar-lhe mais alguma atenção porque está a tocar tanto as pessoas, e tocou-nos a nós também, que sentimos que não podia ficar apenas por uma canção.

Com este tema sente-se que houve muito cuidado em respeitar o cante alentejano, embora lhe tenham tentado dar uma nova vida...

Kasha: Nós levámos o estúdio para o Alentejo, fomos jantar à Pipa, comemos umas migas e depois fomos todos para casa pôr as mãos na massa e criar a canção. Nem foi o Buba nem os Amigos Alentejanos que entraram no nosso mundo, nem fomos nós que entrámos no mundo deles, foi um mundo que nós criámos.

Já pensaram qual é a relação que vão continuar a ter com o cante alentejano depois destes dois concertos?

Miguel Coimbra: Vamos fazer mais músicas com malta do Alentejo e depois dos coliseus talvez façamos mais concertos.

Miguel Cristovinho: Nestes dois concertos vamos juntarmo-nos à mesa a cantar. Vamos misturar o tradicional com o moderno, vamos trazer modas alentejanas, vamos trazer músicas dos D.A.M.A. e tudo vai ser tocado neste espectro, na mesma onda do 'Casa'. Depois dos coliseus vamos criar novos mundos e descobrir o que queremos fazer, sendo que vamos continuar a juntarmo-nos enquanto amigos, com pessoas que nós gostamos e fazer músicas.

O concerto de dia 3 de junho no Coliseu dos Recreios é a vossa estreia nesta sala. Diria que é o palco perfeito para receber este projeto em particular...

Miguel Cristovinho: A 100%. No outro dia até pus no meu Instagram que parece que havia uma razão para nunca termos feito o Coliseu dos Recreios. Era esta. Nós já demos muitas tours de inverno em auditórios com as músicas de D.A.M.A. e até concertos mais acústicos, mas fico feliz de o Coliseu dos Recreios não nos receber com só mais um concerto acústico e ser um concerto específico, diferente...

Há nomes pensados para se juntarem a vós em mais músicas relacionadas com este projeto ou até mesmo para os dois concertos nos coliseus?

Miguel Cristovinho: Já há nomes pensados mas ainda não podemos dizer...

E essas ideias de parcerias surgem como? Cada um de vós tem os nomes que gostava de convidar e depois partilham-nos uns com os outros?

Miguel Cristovinho: O Miguel Coimbra há dois dias ligou-me à meia-noite num pranto porque não podíamos não convidar o nome que ele estava a dizer [risos].

Estes concertos vão ser uma viagem a sentimentos que, se calhar, as pessoas não têm memória de que os têm

Este será um concerto gravado. Foi ideia vossa?

Miguel Cristovinho: Foi uma sugestão que nos foi feita e nós concordámos. Recentemente gravámos o concerto dos 10 anos no Castelo de São Jorge, antes desse gravámos o concerto de apresentação do 'Sozinhos à Chuva', no Campo Pequeno... Por nós, em termos de preenchimento pessoal, estávamos felizes com as últimas gravações que fizemos, até porque isso representa um grande investimento a vários níveis, é mais uma responsabilidade, é mais caro... Mas se sugeriram, por nós 'let’s go' [vamos a isso].

Miguel Coimbra: E já temos experiência com esse tipo de gravações.

O que torna estes dois concertos imperdíveis? 

Miguel Cristovinho: Estes concertos vão ser uma viagem a sentimentos que, se calhar, as pessoas não têm memória de que os têm, mas que lhes são intrínsecos. É um concerto de celebração da música portuguesa, da portugalidade, e vai trazer coisas tradicionais e misturá-las com o que as pessoas sentem hoje em dia, que é uma sonoridade mais moderna. Isto são as coisas que vão fazer com que as pessoas saiam deste concerto a sentir que nunca viram nada parecido.

Vocês transparecem a imagem de que continuam a ser apenas um grupo de amigos que gosta de cantar e que conseguiu fazer disto vida. É isto que sentem?

Kasha: É precisamente isso, é essa a razão do nascimento. Nós somos amigos, primeiro começámos a escrever juntos, depois começámos a fazer beats... tudo surge da irmandade.

As nossas canções são produto da nossa união, da nossa arte, das nossas vidas, das nossas relações... Quer como homens, quer como artistas, vamos no nosso destino e pomos as mãos neleSentem que já chegaram a uma fase da carreira em que vos é permitido escolher fazer o que vos dá mais prazer?

Kasha: A nossa carreira tem sido pautada, desde o início, precisamente por isso, nós escolhemos aquilo que queremos fazer. As nossas canções são produto da nossa união, da nossa arte, das nossas vidas, das nossas relações... Quer como homens, quer como artistas, vamos no nosso destino e pomos as mãos nele. É incrível ver como já fizemos tanta coisa, como Campo Pequeno, Altice Arena, Rock in Rio... fizemos isso tudo e nunca tínhamos feito o Coliseu dos Recreios. É incrível ao fim de 10 anos de carreira a nossa canção com o Buba estar a correr tão bem e termos coisas que ainda não fizemos.

Acreditam que a banda também tem vindo a ser obrigada a amadurecer?

Miguel Cristovinho: Claro. Acho que a única razão pela qual continuamos a dizer tanto às pessoas é porque, se calhar, há pessoas que quando lançámos o ‘Desajeitado’, a ‘Luísa’, o ‘Às Vezes’ e ‘Não Dá’ não acharam nada de especial mas depois lançámos o ‘Pensa Bem’ com o Profjam e essas mesmas pessoas adoraram... Também há aquelas que gostaram do ‘Desajeitado’ e se calhar não gostaram de outro disco... Mas o que vai sempre prevalecer é que vamos ser fiéis ao que gostamos, 'we are the first listeners' [nós somos os primeiros ouvintes] daquilo que produzimos. Se essas primeiras pessoas, que somos nós, gostarem...

Kasha: Vamos tendo várias fases das nossas vidas, como acontece com todas as pessoas, e o que nos certificamos é de que adoramos sempre aquilo que sai e que é produto da nossa verdade. Tudo o resto é consequência.

Miguel Cristovinho: O amadurecimento foi um processo natural de crescimento pessoal de cada um de nós e as pessoas acompanharam isso, foram gostando mais de umas coisas do que de outras... Com o ‘Casa’, o que tenho sentido é que é transversal a quase todo o público que os D.A.M.A. já tiveram, todas as pessoas estão a vibrar numa energia positiva. É raro, já há muito tempo que não tínhamos uma música que sentíssemos que é tão transversal, desde o que ‘Oquelávai’, em 2018.

Ainda se surpreendem com o sucesso que um determinado tema consegue, como aconteceu, por exemplo, com o 'Casa'?

Kasha: Em relação ao ‘Casa’ eu estava com fezada. Eu disse ‘malta, não se preocupem, isto vai ser’, mas também já tinha achado isso de outras que não tiveram a dimensão que esta está a ter.

Miguel Cristovinho: Eu também sentia bué que isso era possível com o ‘Sozinhos à Chuva’ e foi um tema que foi single de ouro, mas somos tão competitivos connosco próprios que há metas que as canções atingem que, para nós, não são tão relevantes. Por mais que queira que todas sejam tripla platina, eu agora só sei que não vão ser todas, é normal [risos].

Somos uma banda que vai estar eternamente em Portugal

Como olham para a fase atual da vida dos D.A.M.A.?

Miguel Coimbra: A vivê-las gargalhada geral].

Kasha: Jovens e frescos [risos]. Celebrámos 10 anos de carreira no ano passado, num ano em que se voltou aos concertos. Lançámos no final do ano o single com o Buba que está a correr lindamente, entretanto começámos a nossa editora e temos os nossos artistas que já lançaram trabalho, tem sido um foco importante também no nosso desenvolvimento, porque temos podido partilhar o que já sabemos e receber o que os mais novos sabem.

O que gostavam que 2023 vos trouxesse?

Miguel Coimbra: Muita união, muita música e muitos sonhos a concretizar.

Mas depois de tanta coisa feita, ainda há sonhos que vos faltem concretizar?

Kasha: Quando estás no foco de querer concretizar sonhos, concretizas um e depois tens outro.

Miguel Cristovinho: Além de sermos uma banda, também somos parceiros de vida e parceiros noutros negócios, como a nossa editora. Se algum dos nossos artistas fizer um single de ouro em 2023 eu vou ficar tão feliz como se fosse um single de ouro para os D.A.M.A..

Esta é uma nova fase dos D.A.M.A.?

Miguel Cristovinho: Podem sempre esperar novas fases dos D.A.M.A.. Somos uma banda que vai estar eternamente em Portugal, pelo menos até não conseguirmos mais dar concertos e fazer mais músicas. 

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