Do ambiente às artes. O que pensa o novo rei britânico Carlos III
Conheça alguns dos pontos essenciais do pensamento do novo monarca.
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Os britânicos conhecem melhor o novo Rei Carlos III, cujo pensamento tem sido escrutinado durante a longa espera pelo trono, ao contrário da sua mãe Isabel II, proclamada rainha com apenas 25 anos e que em 96 anos nunca deu entrevistas.
Quando herdou a coroa, que irá formalmente receber no próximo sábado, o Rei Carlos III assumiu o imperativo de neutralidade política e prometeu não intervir em assuntos pelos quais revelou ao longo dos anos grande interesse, como o ambientalismo, a arquitetura e a arte.
Eis alguns pontos essenciais do pensamento do novo monarca britânico sobre os seus interesses pessoais:
Ambientalismo
Carlos é um pioneiro do ativismo ambiental. Em 1970, falou pela primeira vez publicamente sobre o impacto dos plásticos no mundo, num discurso onde alertou para o problema da poluição em geral.
"Se pensarmos que cada pessoa produz cerca de dois quilos de lixo por dia e que há 55 milhões de pessoas nesta ilha que utilizam garrafas não retornáveis e recipientes de plástico indestrutíveis, não é difícil imaginar as montanhas de lixo com que teremos de lidar de alguma forma", disse na altura.
Em 1986, foi ridicularizado por dizer que falar com as plantas ajudava-as a crescer, segundo o jornal Daily Mail, mas continuou a partilhar o gosto pela jardinagem e a promover iniciativas de conservação da natureza.
Quando fez 70 anos, uma lista oficial de factos sobre o então príncipe indicava que, após cada cerimónia de plantação de árvores, "dá um aperto de mão amigável a um ramo para lhe desejar felicidades".
Antes da cimeira COP26 em Glasgow, em 2021, Carlos revelou que o seu automóvel de marca Aston Martin usa como combustível uma mistura de bioetanol feito de resíduos de queijo e vinho.
Arquitetura
Em 1984, Carlos chocou ao apelidar de "carbúnculo monstruoso no rosto de um amigo muito amado e elegante" o projeto para nova ala do museu National Gallery, em plena Praça de Trafalgar, em Londres.
O discurso durante o jantar do 150.º aniversário do Royal Institute for British Architects (RIBA) foi visto como um ataque à arquitetura moderna, mas também uma intervenção questionável em obras públicas.
O projeto inicial foi abandonado e no lugar surgiu um edifício num estilo neoclássico. O mesmo aconteceu após críticas a edifícios modernistas junto à Catedral de São Paulo, perto do Banco de Inglaterra e num antigo quartel em Chelsea.
Em 2009, tentou usar um tom conciliatório, pedindo desculpa e assegurando que não queria um regresso ao estilo do século XVIII, recorda o Evening Standard.
Porém, argumentou que, enquanto a decoração interior cabe a cada um, a "arquitetura e o ambiente construído afeta a todos", pelo que reivindicou o direito de expressar opiniões sobre imóveis.
Texugos e medicina alternativa
Em 2015, o jornal The Guardian venceu uma batalha judicial ao longo de uma década para ter acesso a cartas de Carlos a ministros do Governo de Tony Blair entre 2004 e 2005, num caso que ficou conhecido por "aranha negra" ["black spider"].
Segundo o jornal, o então herdeiro da coroa exigiu melhor equipamento para as tropas no Iraque e apelou ao abate de texugos para evitar a propagação da tuberculose bovina, cujos opositores qualificou de "intelectualmente desonestos".
Nas notas, também teceu opiniões sobre o currículo escolar, a construção de hospitais ou o declínio na produção agrícola, e instou Blair a bloquear uma diretiva da União Europeia que limitava a utilização no Reino Unido de medicamentos alternativos à base de plantas.
O papel do Rei
Quando completou 70 anos, em 2018, não desmentiu, num documentário para a BBC, que se tenha "intrometido" em questões como as condições de vida nas cidades, mas admitiu que teria de mudar.
"Não sou assim tão estúpido, percebo que é um exercício à parte, ser soberano. Claro que compreendo perfeitamente como é que deve funcionar", afirmou.
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