Cravinho de novo na 'mira': Já conheceria suspeitas sobre Alberto Coelho

O então ministro da Defesa garantiu, também, no âmbito do processo Tempestade Perfeita, que "nada fazia prever o custo da obra" em causa, 'empurrando' as responsabilidades do acompanhamento para o então secretário de Estado Jorge Seguro Sanches.

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Notícias ao Minuto
20/09/2023 09:49 ‧ 20/09/2023 por Notícias ao Minuto

País

João Gomes Cravinho

Surgem mais suspeitas no âmbito do caso da derrapagem de mais de dois milhões de euros nas obras de reabilitação do antigo Hospital Militar de Belém. De acordo com o noticiado esta quarta-feira pelo jornal Público, João Gomes Cravinho (na altura, ministro da Defesa) teria conhecimento de um outro processo contra Alberto Coelho, uma figura central no caso da derrapagem, quando o nomeou para um cargo numa empresa do Estado.

Cravinho nomeou Alberto Coelho para presidente do conselho de administração da Empordef, empresa do universo holding IdD Portugal Defence (Indústrias de Defesa), detida pelo Estado, em abril de 2021. Porém, em janeiro do mesmo ano, o ministério das Finanças enviou para o ministério da Defesa uma auditoria que tinha detetado irregularidades “suscetíveis de configurar infrações financeiras de natureza reintegratória e sancionatória” na ordem dos 1,7 milhões de euros na gestão do, então, diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN).

Esta auditoria foi enviada a 4 de janeiro de 2021, quando o responsável pela pasta era Gomes Cravinho. 

Na altura, destaca a publicação existiam dois processos no Tribunal de Contas (TdC) que visavam contratações questionáveis de Alberto Coelho – enquanto um diz a respeito a esta auditoria, levada a cabo pela Inspeção-Geral de Finanças, o outro processo baseava-se numa investigação da própria Inspeção-Geral da Defesa Nacional.

O TdC… e a Tempestade Perfeita

O agora ministro dos Negócios Estrangeiros tem sido alvo de escrutínio, nos últimos meses, num processo que envolve a derrapagem de mais de dois milhões de euros nas obras de reabilitação do Hospital Militar de Belém, uma das principais questões no âmbito do processo Tempestade Perfeita – e onde Alberto Coelho é principal arguido.

Já foram várias as vezes que Gomes Cravinho foi questionado sobre o caso, tendo dito que se “achasse que não tinha condições”, já se teria demitido.

No início de agosto passado, Gomes Cravinho respondeu por escrito ao Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa no âmbito deste processo. De acordo com o que escreveu na terça-feira o Expresso, o ministro 'empurrou' as responsabilidades do acompanhamento destas obras para o então secretário de Estado Jorge Seguro Sanches.

“Nada fazia prever o custo final da obra. Aliás, das reuniões havidas entre a Direção-Geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN) e o secretário de Estado Adjunto com competências delegadas nesta matéria, que eu saiba, a DGRDN nada sinalizou ao secretário de Estado sobre o aumento de custos desta obra. Caso contrário, o secretário de Estado ter-me-ia transmitido, o que não aconteceu”, terá respondido Gomes Cravinho.

O responsável notou ainda que “a primeira informação mais indicativa do custo real” lhe terá chegado a "a 23 de junho através de informação vaga e sem fundamentação e posteriormente a 22 de julho", através do despacho do secretário de Estado que enviou “de imediato para a Inspeção-Geral da Defesa Nacional” – o que terá dado origem à operação Tempestade Perfeita.

O DIAP quis ainda saber que tipo de avaliação fazia o governante de Alberto Coelho. O ministro não reconduziu Coelho no cargo na DGRDN, em 2021, justificando que estava insatisfeito com a sua gestão.

“Eu não estava satisfeito com a sua condução do processo do Hospital Militar de Belém, que naquele momento se encontrava a ser investigada pela pela Inspeção-Geral da Defesa Nacional (IGDN). Foi assim que, a 23 de dezembro de 2020, comuniquei por escrito ao Dr. Alberto Coelho a decisão de não renovar o seu mandato à frente da DGRDN”, terá dito o ministro aos investigadores.

Cravinho sublinhou, no entanto que, naquele momento não tinha razões para deixar de acreditar que Coelho era uma pessoa “válida” e capaz de contribuir para “os objetivos do Ministério da Defesa Nacional”.

Notícias ao Minuto está a tentar obter uma reação junto do, agora, ministro dos Negócios Estrangeiros.

Leia Também: Ministério Público acusa 73 arguidos na operação 'Tempestade Perfeita'

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