Sinéad O'Connor chegou a ser a única voz de protesto contra os abusos da igreja católica na Irlanda, sendo que muitas das denúncias que fez foram mais tarde provadas.
Este domingo, apenas alguns meses após a sua morte, os fãs puderam ouvir a artista a cantar a 'The Magdalene Song', uma música que disponibilizou aos criadores da série televisiva 'The Woman in the Wall'.
"A primeira parte da música é de partir o coração e a segunda parte de puro desafio", notou David Holes, músico de Belfast que foi produtor de O'Connor os últimos anos da sua vida.
"Reduzi a música apenas para a voz da Sinéad e depois deixei força entrar na segunda parte. É incrível como o significado da música se juntou à história. Tinha de ser. Há uma certa magia quando levas música para uma história emocionante", completa.
Note-se que o drama, produzido pela BBC, retrata os abusos de mulheres em conventos católicos na Irlanda que aconteceram entre os anos 1940 e 1990. À época, mulheres solteiras eram enviadas para estes conventos pelas famílias e sujeitas a trabalho forçado e tortura por parte das freiras responsáveis pelos conventos.
Sinéad O’Connor, que morreu no passado mês de julho aos 56 anos, chegou a retratar os abusos a que assistiu quando tinha apenas 15 anos numa carta que escreveu há uma década. "Um manhã acordei com os gritos de uma amiga. Saí do meu quarto a correr e vi-a rodeada de duas ou três freiras. Não consigo lembrar-me de quantas. Arrancaram-lhe dos braços o bebé dela", nota.
Vale sublinhar que em 1993 as denúncias da cantora deram fruto depois de terem sido descobertos mais de 100 cadáveres nos terrenos de um antigo convento da Irlanda.
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