A celebrar os 45 anos de carreira, Fernando Correia Marques viveu momentos emocionantes durante a entrevista ao 'Alta Definição', da SIC.
Ao recordar a morte dos pais, disse: "Ele [o pai] partiu em 1994, partiu cedo, e a minha mãe partiu em 2001. Sinto a falta de poder desabafar com alguém. Quando não os temos, damos mais valor".
O artista lembrou também que estava a trabalhar no momento de ambas as perdas. "Ia cantar em Santo Tirso com os Broa de Mel e o palco era em frente a um cemitério. Recebi a notícia da partida do meu pai perto de Leiria", contou, acrescentando que não voltou atrás e cumpriu com a sua agenda de espetáculos. "Claro que não contei a ninguém".
"Em relação à minha mãe, eu estava num comício do PS e senti qualquer coisa que não dá para explicar. A minha companheira na altura com o empresário disseram-me que tinham uma notícia. Eu disse que sabia que a minha mãe tinha partido. Perguntaram quem é que me tinha dito e eu contei que tinha sentido. Continuei o espetáculo e também não contei nada a ninguém", relatou.
"Quando chegou a balada que ela [a mãe] gostava muito, desmanchei-me a chorar. Depois o presidente foi perguntar o que é que se passava ao empresário. O presidente subiu [ao palco] e eu disse que a parte pior já tinha passado e que era para acabar a festa", lembrou.
"A minha mãe estava em Beja na altura e eu também não ia fazer nada a ela, já tinha partido", confessou. "Senti que parte da minha outra metade tinha ido embora. Mas ficou cá a outra e eu não desisto", partilhou ainda.
"Ela nasceu em 9 de maio de 1929 e morreu a 9 de dezembro de 2001. E eu fui operado a dia 12 de fevereiro de 2002 a um cancro. Quando lá estava, só falava com ela. E nunca ninguém soube. [...] Estava proibido de exercer a profissão em cima de um palco durante três/quatro meses, e ao fim de dois meses já lá estava porque precisava mesmo de fazer aquilo", revelou ainda durante a conversa com Daniel Oliveira.
Falando sobre a doença, explicou que "era nas costas, um cancro de pele". "Mentalizei-me desde criança que tinha de ganhar, tinha de vencer. Não sou mais forte que ninguém, mas mentalizei-me que era forte, e sou forte", destacou também.
Depois da operação, Fernando Correia Marques fez tratamentos. "É evidente que sei que pode vir outra vez, mas estamos cá", afirmou.
Questionado se tem medo do fim, o cantor realçou: "Não! Tu quando nasces já sabes o que é que vai acontecer mais tarde ou mais cedo. O triste é partirmos e não nos darmos conta de que passamos por esta vida e não a gozamos. Acho que todos devemos ter o direito de gozar a nossa vida, e é por isso que me preocupo demais com aquilo que existe neste mundo. Este mundo está cada vez pior. Inventam-se guerras, chatices sem qualquer necessidade nenhuma. Passa tão a correr que temos de aproveitar a viver a vida", refletiu.
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