Dino D'Santiago fala sobre triplo homicídio em Lisboa e lamenta "rótulos"
O músico esteve presente no funeral de Carlos Pina, uma das três vítimas mortais de um tiroteio numa barbearia na Penha de França, em Lisboa, que descreveu como "um homem de sonhos".
© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images
Fama Dino d'Santiago
O cantor Dino D'Santigo esteve presente, este sábado, no funeral de Carlos Pina, o barbeiro morto a tiro na Penha de França, em Lisboa, e lembrou que "morreram três adultos e um filho que ainda repousava no ventre da sua mãe, mas a sociedade só soube falar em rótulos".
Numa publicação na rede social, o músico descreveu Carlos Pina como "um homem de sonhos" e contou que recebeu a notícia "como uma tempestade". "Foi no dia 2 de outubro, e em plena luz do dia, pelas 13h25, numa pequena rua entre Santa Apolónia e a Penha de França, o horror encontrou três almas inocentes e apagou-lhes o brilho para sempre", recordou.
"Oiço falar de falsos ajustes de contas, murmúrios de ódio que se espalham como erva daninha. Alguns tiram partido, alastrando a desunião entre os povos, como se o caos lhes desse alimento. Mas o que aconteceu não é apenas uma tragédia de sangue. É o fruto envenenado da nossa indiferença, o reflexo dos vales do silêncio onde temos escolhido viver, confortáveis na nossa cegueira", escreveu.
Dino D'Santigo frisou que "morreram três adultos e um filho que ainda repousava no ventre da sua mãe, mas a sociedade só soube falar em rótulos: 'um barbeiro africano', 'uma grávida brasileira', 'um taxista'".
"E para que a discriminação fosse ainda mais grotesca, o assassino foi logo identificado como 'um cigano'. Como se a tragédia pudesse ser explicada, como se as mortes pudessem ser justificadas com esses estereótipos. Um rótulo para cada vida, uma desculpa para a nossa indiferença", atirou.
Para o artista, "vivemos numa era de redes onde a palavra 'social' perdeu todo o sentido" e o crime "foi o resultado de uma mente doente, negligenciada durante anos".
"Um homem que caminhava perdido pelas ruas da cidade, enquanto todos nós desviávamos o olhar. O que se passou em Lisboa é um espelho do que acontece pelo mundo fora, onde o ódio se replica, seja pelo poder, preconceito, machismo, xenofobia, ou por qualquer outro veneno que nos corrompe. Cada tiro disparado, cada vida ceifada, é o sintoma de uma doença mais profunda – nós, humanos, transformámo-nos no vírus mais letal deste planeta", terminou.
O crime ocorreu na quarta-feira e o alerta foi dado pelas 13h25, na Rua Henrique Barrilaro, segundo confirmou o Notícias ao Minuto junto da Polícia de Segurança Pública (PSP).
Além de Carlos Pina, foram encontradas duas vítimas prostradas num passeio e tratam-se de Bruno Neto e Fernanda Júlia, um casal, com 37 e 33 anos, respetivamente. A mulher estava grávida e o casal tinha já uma filha em comum. Além disso, Fernanda era mãe de um menino fruto um relacionamento anterior.
A investigação passou para a alçada da Polícia Judiciária (PJ), dada a natureza do crime.
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