Felipe VI e Letizia estiveram no centro das atenções este domingo, 3 de novembro, depois de terem sido alvo de ataques durante uma visita institucional a Paiporta, uma das localidades mais atingidas pelas cheias que assolaram Valência na semana passada, vitimando 216 pessoas.
Os monarcas acabaram por fazer parte dos 'efeitos colaterais' do ataque, uma vez que o mesmo era dirigido aos políticos que os acompanhavam, nomeadamente, o primeiro-ministro, Pedro Sánchez e o presidente da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón.
Em declarações ao Fama ao Minuto, José de Bouza Serrano comentou os incidentes.
Na visão do antigo chefe do Protocolo do Estado e diplomata, "Sánchez está a afundar-se" uma vez que continua "agarrado ao poder". Não "havendo sintonia entre o governo central e regional", era de esperar que os sobreviventes da catástrofe manifestassem a sua indignação durante a visita dos políticos.
"O rei não podia deixar de ir, só não foi mais cedo porque as chuvas não pararam. Perante uma tragédia daquelas não podia ficar no Palácio de Zarzuela à espera que as coisas melhorassem. Ao mesmo tempo deveria ter havido uma preparação, deveriam ter aparecido bombeiros, homens do Exército, etc. Tudo isto devia ter avançado para que quando chegasse o rei e o governo já houvesse uma resposta no governo central", considerou.
Bouza Serrano lembrou que mesmo vendo Sánchez a ser retirado do local pelas equipas de segurança, Felipe VI continuou a "dar abraços", mostrando-se compreensivo com a indignação dos manifestantes.
Esta decisão do monarca revelou uma "coragem" que não passou despercebida aos súbditos. "Foi uma decisão dele. Podia ter sido agredido com muito mais força, porque era lama e objetos contundentes. Tornou-se ingovernável, mas o rei manteve-se com ar sóbrio. Esteve próximo dos seus concidadãos. Ouviu as pessoas a uma distância física que era arriscada, mas apresentou-se ali de boa fé e com a impotência de quem não tem poderes executivos", dá conta.
Quanto a Letizia, o entrevistado destaca as lágrimas da rainha, algo raríssimo tendo em conta a sua postura mais séria nos eventos em que marca presença. "A rainha assustou-se, deve ter sido brutal. Estava fragilizada, não esperava", sublinhou.
"Mas afinal, qual a importância da visita dos monarcas a locais de catástrofe como estes?", questionou-se. "São um símbolo, a chefia do Estado, a ponta da pirâmide e é natural que se preocupem com o povo. Dão apoio moral, não são distantes. Hoje a monarquia está mais próxima que nunca, não apenas nas alegrias, mas também nas tristezas", explicou.
A reação do rei, para o também escritor, foi "apreciada" pelas pessoas. "Houve um contacto físico, algo que normalmente não existe".
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