O deputado não inscrito Miguel Arruda (ex-Chega) regressou à Assembleia da República (AR) na quinta-feira, após dez dias de baixa psiquiátrica, mas, já hoje, a sua presença foi turbulenta e não passou despercebida, dando mote a polémica. O líder do Livre, Rui Tavares acusou Miguel Arruda de ter feito, pelo menos, duas vezes, "de forma consciente e deliberada", durante o voto, "o gesto da saudação fascista, nazi ou romana".
"É um facto que em qualquer Parlamento Europeu ou qualquer parlamento do mundo tem uma gravidade enorme, porque é uma afronta aos valores democráticos", apontou Rui Tavares, dirigindo-se ao 'vice' do Parlamento Marcos Perestrello, deputado socialista que então presidia aos trabalhos do plenário.
Por sua vez, Miguel Arruda, sentado na última fila no plenário, negou as acusações feitas e reiterou que "estava só a sinalizar o meu sentido de voto", uma vez que, segundo o próprio, o presidente da AR pode não conseguir identificar o mesmo - o que obriga-o a esticar o braço.
As justificações não convenceram e, em declarações aos jornalistas, o líder do Livre disse esperar que o presidente da AR, José Pedro Aguiar-Branco, leve o tema à próxima conferência de líderes, apontando que o gesto do deputado não inscrito não deixou "absolutamente nenhuma margem para dúvida".
A imagem foi partilhada na rede social X pela Secretária-Geral da Juventude Socialista, Sofia Pereira:
Pertence ao Mário e vota assim. Há de ser paródia também, não é? pic.twitter.com/E0O8uYcybn
— Sofia Pereira (@sofiaapereira7) February 7, 2025
Eleito pelo Chega nas últimas Legislativas, Miguel Arruda tinha participado pela última vez numa sessão plenária em 24 de janeiro, quando o presidente da AR o passou a deputado não inscrito, e, aqui, sentou-se na última fila do hemiciclo, ao lado da bancada do partido.
Porém, a escolha levou a críticas por parte do Chega, sendo que o líder parlamentar do partido, Pedro Pinto, chegou mesmo a avisar que não se responsabilizaria pelo que se poderia passar durante o plenário.
A posição não foi, no entanto, levada em consideração, e a conferência de líderes determinou posteriormente que o lugar de Miguel Arruda continuaria a ser o mesmo: na última fila do hemiciclo, no alinhamento da bancada do Chega.
Recorde-se que Miguel Arruda foi constituído arguido por suspeita de furto de malas no aeroporto de Lisboa, em 21 de janeiro deste ano, dia em que a PSP realizou buscas nas casas do deputado em Lisboa e em São Miguel.
Em causa estão suspeitas de crimes de furto qualificado e contra a propriedade. O deputado é suspeito de ter furtado malas dos tapetes de bagagens das chegadas do aeroporto de Lisboa quando viajava vindo dos Açores no início das semanas de trabalhos parlamentares.
Dois dias após ser constituído arguido, Miguel Arruda reuniu-se com o líder do Chega, André Ventura, e anunciou que ia desfiliar-se do partido e passaria a deputado não inscrito.
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