Os que acordam felizes às seis da manhã e calçam as sapatilhas de corrida ainda antes de abrir os olhos, não precisam de ler este artigo. Ou talvez seja melhor conhecerem a técnica de que se fala, já que todos passamos por aqueles momentos de correr por obrigação e não por prazer.
Mesmo que no final do treino sinta aquela sensação de missão cumprida, há vezes (ou casos) em que se ‘sofre’ até chegar à meta e foi precisamente a contrariar esta sensação que se desenvolveu um estudo agora apresentado na publicação ‘Motivation and Emotion’ e que se resume à ‘reavaliação cognitiva’.
Tal técnica, comummente utilizada em terapia de certos problemas psicológicos, consiste em associar uma atitude distinta a cada atividade. Assim, mais facilmente se reconhece cada pensamento negativo e o contraria, algo que seria difícil de acontecer se visse toda a experiência um todo, e toda ela negativa.
A testar esta hipótese, foi analisada uma amostra de 24 corredores saudáveis, com idades compreendidas entre os 18 e os 33 anos, a quem foi instruído que corressem três vezes por semana, em corridas de esforço elevado e duração de 90 minutos. Na primeira semana, não foi dada aos corredores qualquer instrução, na segunda e terceira, foi-lhes pedido que pensassem em algo que os distraísse durante a corrida ou, por sua vez, que optassem pelo método da reavaliação cognitiva.
Das conclusões retiradas, tem-se que pensamentos como ‘doem-me as pernas’ ou ‘estou cansado’, foram substituídos por ‘estou a exercitar-me, mais vale tirar o proveito’ ou ‘se desacelerar, talvez deixe de sentir esta dor’.
Quanto a resultados, a técnica em estudo associou-se a uma melhor performance enquanto que o método de distração ou a ausência de métodos não indicaram qualquer melhoria no desempenho do corredor.
A técnica é também equiparada a um trabalho jornalístico ou de cientista, que reportam toda a situação de forma fragmentada para bem entender cada parte da situação - ou treino, neste caso.