Por que temos dor de cabeça se o cérebro não sente dor?

A dor de cabeça é na maioria das vezes subestimada, uma condição pouco reconhecida e tratada, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)."As dores são um fenómeno extremamente interessante porque sabemos muito pouco sobre elas.

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Liliana Lopes Monteiro
28/02/2019 20:00 ‧ 28/02/2019 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Mistério

"Faz 30 anos que trabalho na área e ainda aprendo algo novo todos os dias", diz a médica Anne MacGregor, investigadora especialista nos efeitos hormonais das cefaleias, em declarações à BBC News. 

A especialista refere que a dor funciona como um sistema de aviso. Alertando que estamos a fazer algo prejudicial ao nosso corpo, e aguarda uma reação para solucionar o problema.

Nesse sentido, a dor de cabeça não é diferente das outras. Pode ser mais ou menos aguda, pode diminuir com um analgésico ou obrigar-nos a permanecer num quarto escuro, no caso de uma enxaqueca.

No entanto, embora o cérebro seja o órgão que recebe os sinais de dor captados pelo corpo, este não tem terminações nervosas que captam a dor. Então por que sentimos dor de cabeça?

O que dói

O cérebro tem um papel central na sensação de dor, tecnicamente é ele que a sente.

O mecanismo de produção de dor no corpo funciona através dos nociceptores, terminações nervosas recetoras de dor na pele, nas articulações e em alguns órgãos internos.

A sua função é detetar as variações físicas, químicas ou térmicas que poderiam destruir os tecidos que compõe o organismo, e se encontram em concentrações variadas por todo o corpo.

Quando recebem estímulos, essas terminações enviam impulsos pelo sistema nervoso até o cérebro.

O cérebro então analisa os dados que recebe e decide se ordena uma resposta ou ignora-os. Também leva em consideração outros fatores, como a experiência de aprendizagem. Se considerar que o estímulo é sinal de uma ameaça, o cérebro produz a sensação de dor.

No entanto, o órgão em si não tem terminações nervosas

A dor de cabeça que sentimos não é no cérebro, mas nas estruturas ao seu redor, explica Janet Bultitude, professora de psicologia cognitiva e experimental na Universidade de Bath, num artigo para a revista científica The Conversation.

Essas estruturas são, por exemplo, as meninges, os tecidos nervosos, os vasos sanguíneos e os músculos do pescoço.

A pressão ou as alterações nessas estruturas ativam os recetores de dor, que enviam sinais ao cérebro.

Bultitude explica o funcionamento desse sistema com dois exemplos do quotidiano. 

O primeiro é a dor de cabeça que algumas pessoas sentem ao comer gelado ou quando bebem algo muito frio. Nesse caso, a dor é o resultado da alteração do fluxo sanguíneo nas veias que se encontram entre a parte posterior da garganta e o cérebro.

Outro exemplo é a dor de cabeça associada à ressaca, que normalmente é resultado da desidratação causada pelo consumo de álcool, que provoca dor nos vasos sanguíneos da cabeça.

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