A doença de Alzheimer é normalmente associada a momentos de falta de memória, no entanto, nem sempre a memória é prejudicada no início da doença.
Os sinais de alarme podem manifestar-se na forma de problemas na linguagem, desorientação espacial ou mesmo falta de motivação, alerta Marek-Marsel Mesulam, diretor de neurologia cognitiva da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos.
A descoberta muda o diagnóstico clássico da doença, que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) afeta milhões em todo o mundo.
Já de acordo com o relatório ‘Health at a Glance 2017’ (‘Uma Visão da Saúde') da OCDE coloca Portugal como o quarto país com mais casos por cada mil habitantes. A média da OCDE é de 14.8 casos por cada mil habitantes, sendo que para Portugal a estimativa é de 19.9.
Uma boa memória passa a não ser suficiente para descartar o Alzheimer como doença possível em seus primeiros sintomas. "Há uma uma tendência de achar que o Alzheimer é uma doença da memória que atinge os mais velhos mas na verdade há diferentes tipos de Alzheimer", afirma Mesulam. "Algumas vezes a memória é o maior problema, mas não é sempre”.
O neurologista norte-americano explica que são quatro os tipos de Alzheimer diagnosticados entre os 40 e 70 anos. Um deles afeta principalmente a memória, e é o tipo mais conhecido. No entanto, em outras três formas, o paciente pode não ter qualquer sintoma de falta de memória no início da doença. O sintoma principal pode ser a afasia, quando a pessoa não encontra as palavras sistematicamente na hora de se expressar.
Num outro tipo, há uma acentuada perda de motivação em atividades pelas quais a pessoa costumava interessar-se ou por pessoas de seu círculo social, ou tem ainda comportamentos inadequados e que não se adequam à sua personalidade, desde comer ou beber álcool em excesso a fazerem demasiadas compras.
Em busca de um diagnóstico precoce
A importância desse novo olhar é a busca de um diagnóstico precoce correto, quanto mais cedo o diagnóstico, o quanto antes é possível começar o tratamento que retarda a doença, tendo em vista que ainda não há cura.
Segundo o cientista, a doença já está presente no cérebro dos pacientes muitos anos antes dos primeiros sintomas. "É importante saber que se nem todo Alzheimer é igual, os tratamentos psicossociais devem ser diferentes", lembra Mesulam.
O tratamento aplicado a pessoas com problemas graves de memória não vai funcionar para um paciente que tenha problemas de linguagem, por exemplo.
O investigador norte-americano estima que a predominância dos tipos de Alzheimer que não têm a memória como sintoma principal pode chegar a metade dos casos entre pacientes de 40 a 70 anos.