Seis hábitos simples para reduzir até um terço o risco de Alzheimer

Estudo conclui que é possível diminuir em até um terço a possibilidade de desenvolver a doença, mesmo quando existe predisposição genética.

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Liliana Lopes Monteiro
08/10/2019 08:00 ‧ 08/10/2019 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Demência e Alzheimer

Os anos tornam-se exaustivos para quem tem parentes afetados por algum tipo de demência, e também para os que acham que poderão herdá-la de pais e avós. Porém, os casos geneticamente determinados são minoritários e quase sempre ocorrem em idade precoce (os primeiros sintomas costumam começar antes dos 60 anos, alguns até aos 40).

No caso da doença de Alzheimer, menos de 1% dos casos são determinados pela hereditariedade. "Isso significa que 99% são casos esporádicos, em que a doença é causada pela interação entre uma predisposição genética e fatores ambientais como o nosso estilo de vida", explica a porta-voz do Grupo de Estudo de Comportamento e Demências da Sociedade Espanhola de Neurologia, Sagrario Manzano, em declarações ao jornal espanhol El País. E isso, até certo ponto, pode ser evitado.

É por isso que os cientistas, ao mesmo tempo que procuram uma cura para a demência, estão a investigar o que poderia ser feito para evitá-la, o que é feito de errado para que ocorram tantos casos (a Organização Mundial de Saúde estima 10 milhões de novos diagnósticos anualmente) e como se poderia impedir a sua aparição ou, pelo menos, retardá-la o máximo possível.

Felizmente, já foram identificadas formas de fazer isso, segundo um dos participantes da última Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC), realizada no mês passado em Los Angeles (Estados Unidos). Foi ali apresentado um estudo da Universidade de Exeter, publicado na revista JAMA, que conclui, com números e dados mais precisos do que os conhecidos até então, que os fatores genéticos e o estilo de vida influenciam de forma independente na deterioração cognitiva.

De acordo com o trabalho, bons hábitos de vida reduzem o risco de sofrer de demência, independentemente da carga genética com a qual a pessoa nasceu, reforçando a ideia de que a adesão a um estilo de vida saudável previne o comprometimento cognitivo.

As atitudes básicas para prevenir a demência

A prevenção consiste em levar um estilo de vida saudável para envelhecer de forma mais saudável. E não se trata de abordar um único fator de risco (parar de fumar, por exemplo), mas todos eles juntos. A porta-voz do Grupo de Estudo de Comportamento e Demências da Sociedade Espanhola de Neurologia, Sagrario Manzano, lista o que podemos começar a fazer agora para prevenir a doença.

1. Praticar exercício físico

Muitos estudos sublinham que exercício físico regular e não ‘explosivo’ está associado à manutenção da função cognitiva e a um retardamento no início do Alzheimer. Uma meta-análise que reuniu os resultados de 29 ensaios clínicos revelou que o exercício aeróbico pode melhorar, a curto prazo, o rendimento de adultos saudáveis, a sua memória, atenção e velocidade de processamento em comparação com a prática de um exercício não aeróbico, como alongamentos ou musculação.Uma meta-análise que reuniu os resultados de 29 ensaios clínicos revelou que o exercício aeróbico pode melhorar, a curto prazo, o rendimento de adultos saudáveis, a sua memória, atenção e velocidade de processamento em comparação com a prática de um exercício não aeróbico, como alongamentos ou musculação.

2. A importância das relações sociais

Já foi demonstrado que os sentimentos de autoeficácia e autoestima, que compõem a chamada ‘atividade social’, estão relacionados à manutenção da função mental. Os estudos mostram que uma integração social mais ativa serviria para neutralizar o stress da vida quotidiana e seu efeito neuro-químico (hormonal), que não é bom para o cérebro.

3. A estimulação mental não acaba na escola

Há estudos que indicam que o aumento do nível educacional está ligado a uma maior probabilidade de manter o bom funcionamento do cérebro ao longo do tempo. “Foram analisadas tarefas como ler livros, assistir a conferências e participar em jogos de tabuleiro, entre outras, e há evidência de um menor risco de deterioração cognitiva e de demência caso essas atividades sejam realizadas com assiduidade. Portanto, poderíamos seguir o ditado: antes tarde do que nunca”, responde o neurologista quando questionado sobre o momento da vida que é necessário aumentar os estímulos.

4. A prevenção estende-se ao campo cardiovascular

O seu papel é crucial na deterioração mental associada à idade. E, além disso, a gravidade dos sintomas cognitivos em pessoas com doença de Alzheimer aumenta consideravelmente pela existência de fatores de risco vasculares. Esses fatores são: hipertensão arterial, hipercolesterolemia, diabetes, doenças cardíacas e tabagismo, sendo o diabetes o fundamental.

5. Coma peixe

Alguns estudos apontam que o consumo de peixe pelo menos uma vez por semana pode reduzir em 60% o risco de Alzheimer, assim como desacelerar a deterioração cognitiva. Enquanto o consumo elevado de gorduras saturadas e de cobre aumentaria sinergicamente a deterioração cognitiva, os ácidos gordos ómega 3 poderiam estar relacionados com um menor agravamento da doença. A dieta mediterrânea também tem sido associada a um menor risco de Alzheimer, por incluir antioxidantes, ómega 3 e vitaminas C e E.

6. A importância da motivação

O stress e a ansiedade estão associados a uma aceleração da deterioração cognitiva. Doenças mentais como a depressão estão vinculadas a uma maior atrofia (perda de neurónios) numa região do cérebro chamada hipocampo (‘porta de entrada das recordações’) e em outras regiões cerebrais. Cuidado também com a apatia, que é frequentemente ignorada ou confundida com a depressão, já que a perda de interesse e de emoções é algo que está presente em quase metade das pessoas com demência. O estudo conduzido pela Universidade de Exeter, apresentado na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer em Los Angeles, analisou 4.320 pessoas com essa doença, e 45% tinham apatia.

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