Depressão e ansiedade são os transtornos mentais mais frequentes em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que globalmente mais de 300 milhões de pessoas sofram de depressão. Em casos mais graves, a patologia debilitante do foro psicológico pode levar ao suicídio.
De acordo com os dados da OMS, ocorre um suicídio a cada 40 segundos. Mais de 90% dos casos de suicídio estão relacionados a distúrbios mentais, o que significa que poderá ser possível evitá-los se as causas forem tratadas corretamente.
“Muitas pessoas emitem sinais de alerta antes de efetivamente tentarem o suicídio. Esses sinais não devem ser interpretados como 'chantagem emocional', mas sim como alertas para o real risco de suicídio. Preocupação com a morte, ideação suicida, falta de esperança, culpa em excesso e pensamentos negativos são os sinais mais comuns”, explica a médica Renata Castro.
“A expressão de ideias ou intenções suicidas, como o desejo de desaparecer ou de dormir e nunca mais acordar, também são sinais claros de um potencial suicida. O isolamento (pessoal ou nas redes sociais), a mudança de comportamento, o não comparecimento ao trabalho ou às atividades sociais também podem indicar o risco de suicídio”, completa Renata.
De acordo com o professor Michael Craig Miller, da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, o tratamento para a depressão envolve psicoterapia e uso de medicamentos. Uma das alternativas não-farmacológicas para o tratamento da depressão é a atividade física. Em algumas pessoas, a prática regular de exercícios funciona tão bem quando os antidepressivos.
Os três principais motivos para incentivar a atividade física para pessoas com quadro depressivo, prática gratuita e que funciona como ferramenta de combate à doença:
1. Prática de exercício e bem-estar: o exercício físico desencadeia uma cascata biológica de eventos com diversos efeitos benéficos sobre a saúde, como melhor controle da diabetes e da hipertensão e redução do risco cardiovascular.
Exercícios realizados em alta intensidade libertam endorfinas na corrente sanguínea, gerando sensação de bem-estar. Exercícios de baixa intensidade realizados frequentemente libertam elementos de crescimento neuronais, que criam novas conexões neurológicas. A melhoria da função cerebral faz com que nos sintamos melhor.
O hipocampo é a região cerebral que controla o nosso humor e tem um tamanho mais pequeno em pessoas com depressão. O exercício auxilia no aumento do hipocampo, otimizando as suas conexões neurais e ajudando a melhorar os sintomas da depressão.
2. Pontapé na prática de exercício para pacientes com depressão: se muitas pessoas saudáveis já se sentem relutantes em se exercitarem, começar uma atividade física é ainda mais difícil em pacientes com depressão. A depressão, em geral, é acompanhada por distúrbios do sono, cansaço, alterações do apetite e até mesmo aumento da percepção de dor em diferentes partes do corpo.
É importante que o paciente tenha apoio para sair desse ciclo de inatividade. Começar aos poucos e com atividades que sejam prazerosas pode ser a chave para combater o sedentarismo em pacientes com esse distúrbio mental. Aos poucos, cinco minutos vão transformar-se em 10, 15, 20 minutos. Ainda não se sabe quanto tempo de atividade física é necessário para que o hipocampo sofra as alterações estruturais desejáveis, mas a maioria dos pacientes já exibe uma melhoria no alivio dos sintomas após algumas semanas de atividade física regular.
3. Medicina do desporto como aliada: é importante ter em conta que o exercício não é uma 'vacina' e, assim como com os benefícios cardiovasculares, os benefícios psiquiátricos da atividade física só serão mantidos se o indivíduo continuar a exercitar-se regularmente. A medicina do desporto é uma grande aliada no início e manutenção de uma vida ativa.
Serviços telefónicos de apoio emocional e prevenção ao suicídio em Portugal:
- SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 800 209 899 (Número gratuito)
- Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (Número gratuito) e 210 027 159
- SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020
- Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 080 707
- Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535