Ensaio clínico: Nanopartícula com glúten pode reverter doença celíaca

Um tratamento com uma nanopartícula biodegradável que contém glúten pode reverter a doença celíaca, segundo um ensaio clínico hoje apresentado em Barcelona, Espanha.

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Lusa
22/10/2019 21:43 ‧ 22/10/2019 por Lusa

Lifestyle

Glúten

O teste, realizado com doentes celíacos nos Estados Unidos, concluiu que é possível induzir a tolerância imune ao glúten, uma série de proteínas vegetais que existe em cereais como trigo, centeio, aveia e cevada.

A doença celíaca é uma doença autoimune (gerada pelo próprio sistema imunitário) em que a ingestão de glúten provoca lesões no intestino delgado. Uma vez que não há tratamentos disponíveis, os médicos recomendam aos doentes para que evitem o glúten na sua dieta diária.

Os resultados do ensaio clínico, divulgados na conferência da Semana Europeia de Gastroenterologia, indicam também a tendência da nanopartícula para proteger o intestino delgado dos doentes expostos ao glúten.

De acordo com os cientistas que criaram a tecnologia, na Universidade Northwestern, no estado norte-americano de Ilinóis, a nanopartícula biodegradável "ensina" o sistema imunitário - em particular os macrófagos (células que intervêm na defesa do organismo contra infeções) - a reconhecer que o glúten é seguro e não uma ameaça.

A nanopartícula testada em doentes celíacos, cujo número não foi divulgado, continha gliadina, a principal componente tóxica para pessoas geneticamente sensíveis ao glúten.

Um grupo de doentes foi tratado com a nanopartícula e, uma semana depois, alimentado com glúten durante 14 dias. Em contrapartida, outro grupo de doentes comeu glúten sem receber o tratamento.

Resultado: Os celíacos tratados com a nanopartícula revelaram menos 90% de resposta imunitária à inflamação do que os doentes sem tratamento, que desenvolveram significativas respostas imunológicas à gliadina.

Ao travar a resposta à inflamação, a nanopartícula demonstrou a capacidade de proteger o intestino delgado de lesões associadas à ingestão de glúten, sustentam os autores do ensaio clínico.

Os investigadores que conceberam esta nanopartícula consideram que o tratamento pode ser aplicado a outras doenças autoimunes, como a esclerose múltipla, e alergias. Nestes casos, em vez de glúten, a nanopartícula terá na sua composição as substâncias que desencadeiam essas doenças ou alergias.

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